Racismo e sexismo institucionais foram temas de debate realizado na tarde desta segunda-feira, 24, no auditório do Ministério Público estadual (MP-BA), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
O evento, que faz parte da programação do Julho das Pretas, antecipou as discussões sobre o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha na Bahia, que é lembrado nesta terça, 25.
A mesa, composta sobretudo por mulheres negras e ativistas sociais, contou com a participação de representantes de setores culturais, acadêmicos e do governo do estado.
Titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis defendeu a necessidade de alocar mulheres afrodescendentes em lugares estratégicos do serviço público.
“Funcionários negros fazem a maioria dos trabalhos braçais, enquanto os homens brancos ocupam cargos de poder. É preciso enfrentar esta realidade para combater o racismo institucional”, disse.
Fabya também orientou como trabalhadores podem denunciar casos de racismo ou sexismo institucionais. “Se você teve seu direito violado, procure apoio jurídico no Centro Nelson Mandela, ou ligue: 3117-7443”.
Embora o contexto dos trabalhadores negros ainda seja de enfrentamento ao preconceito, a secretária enalteceu a conquista da lei de cotas raciais, que desde quando foi instituída, no ano de 2014, destina 30% das vagas de concursos públicos do estado a candidatos autodeclarados negros.
Assim como a Sepromi, a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Julieta Palmeira, defendeu a inserção de mulheres afrodescendentes em espaços de poder. Ela também ressaltou o programa estadual de assistência às mulheres, intitulado Respeita as Mina.
“Desenvolvemos uma série de estratégias de apoio, que vão desde delegacias à parceria com o Ministério Público”, explicou a titular da SPM.
Programação
Marcando as comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra, o Odara – Instituto da Mulher Negra, responsável pela ação Julho das Pretas, programa para esta terça a conferência da filósofa e ativista norte-americana Angela Davis “Atravessando o tempo e construindo o futuro da luta contra o racismo”, às 18h, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no bairro do Canela.
A conferência busca abordar percepções sobre a luta das mulheres e do povo negro, além de debater perspectivas do futuro.
Já para quarta, 26, o Instituto Odara programou o debate Mulheres Negras Transversais do Tempo: Negras Jovens Enfrentando o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, das 9h às 18h, na Faculdade de Economia da Ufba (praça da Piedade).
No mesmo dia está marcada para acontecer a Marcha pela Vida das Mulheres Negras, na região do Shopping da Bahia, a partir das 9h.
Para a coordenadora-executiva do Odara, Valdecir Nascimento, o Julho das Pretas é uma forma de mostrar o pensamento das mulheres negras e como são construídos caminhos de transformação da sociedade.
Francisco Artur e Felipe Santana/A Tarde