E a calça ? “Eu te amo, meu amor”, essas frases soam com a melodia própria da entonação de João de Juazeiro. Parece que estou ouvindo a sua sonoridade. Só quem é e vive Juazeiro, entende o que estou falando.
Perambulando pelas ruas da cidade, ele era um monumento, um patrimônio cultural, um personagem lúdico da memória afetiva dos juazeirenses.
Uma carreira aqui, outra acolá; Uma entrada repentina na intimidade das casas do centro da cidade, onde ele sempre era persona gratíssima; Uma mania honesta de fechar os carros; Uma dança de calça rasgada na orla da cidade; Uma cara lisa, uma cara boa; Um sorriso safado e um brilho no olho; Um andar ligueiro e solitário; Uma fisionomia familiar aos quatros cantos da cidade.
De João, eu jamais vou esquecer. Eu nasci sabendo dele. Eu cresci vendo João, como se fosse um tio querido, um parente próximo que me enchia de alegria todas as vezes que o encontrava. Estão impregnadas em minhas lembranças, a sua loucura sadia, a sua sanidade de fazer cara de doido quando desejava alguma coisa, os braços abertos para as fantasias, os pés descalços e a bunda de fora quando queria …
Afetuoso, manso, esperto, sagaz, querido, o nosso João. Eu nunca tive medo dele. Tomei suas carreiras que eu sabia ser só de brincadeira. O mal tinha medo de João e nem encostava. Ele até assustava, mas não mordia.
Nunca pensei João fora da cena de minha cidade. Assim como não consigo imaginar Juazeiro sem seu Velho Chico. Juazeiro sem João se amiúda. Sem o São Francisco, nem existe. João foi plantado aqui, como o rio. Também deu vida a Juazeiro. Deu loucura e ousadia. Deu poesia, boemia.
Uma história simples e linda. Que transcende. João não morreu. Gente como ele não morre nunca. Nem que a morte queira. É eterno João. Como são os heróis e personagens das histórias em quadrinhos. Falaremos de João para os nossos netos que falarão para os seus filhos. Contaremos suas histórias, aumentando um conto, mas sempre com todo o encanto do doido mais doido da terra da alegria.
Nesta segunda-feira, último dia do mês de Juazeiro, os corações dos filhos da Senhora das Grotas estão, oficialmente, de luto!
Um beijo, João! Que você continue brincando na primavera da cidade espiritual e distribuindo um tanto de loucura, de aventura, de simplicidade e pureza … Sua vida valeu a pena e Juazeiro é melhor porque você esteve por aqui esses 74 anos.
Da Redação por Sibelle Fonseca
“Aquele carro alí é de carregar doido, você vai”? Esta frase soa como se fosse hoje, quando ele entrava nas Lojas Silva, aí no cais de Juazeiro, onde trabalhei como caixa, ele sempre apressadinho chamava por Valmir ( o gerente) e apontava pra um carro do lado de fora com esta frase acima citada. Era uma alegria para todos ver João. E quando respondiamos que não íamos e lançávamos a pergunta pra ele, respondia: Eu não, eu não sou doido! Vá você! Realmente, Juazeiro perdeu um ícone de sua história! João foi uma grande figura destacada do velho Chico. Estou fora de Juazeiro há mais de 20 anos, mas, jamais esqueci, nem esquecerei do grande João. Guardarei ele no meu coração e falarei um dia pro meus netos quando tiver, a história de João .Vá em paz João, desfrutar das riquezas de Cristo na eternidade!
Será que entendi? João morreu? Uma grande perda para Juazeiro. Uma criatura que só perdia a tranquilidade e a doçura quando as pessoas o feriam. Era, no entanto, um exemplo de espiritualidade. Talvez tenha passado pela vida física não em expiação mas em missão de prova. Somente Deus sabe o mistério desse João que passou por Juazeiro e hoje faz parte da história da cidade. Espero que tenha recebido as homenagens por ser quem foi. Que Deus o abençoe.
João voçe é irmão de Chaves ?
Sou doido não. bota rabo …