Crônica: Silêncio, Hospital por Otávio Freitas

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Vestes brancas , verdes , uniformes  e macas que transitam sofrimento e esperança se misturam ao frio que paralisa bactérias.

Esse é o ambiente de um hospital, e não é diferente no Hospital Regional , em Juazeiro –BA. Uma luta contínua se soma a exames, procedimentos e inúmeros equipamentos que trabalham em prol da vida. Tudo é monitorado e conta com o comprometimento e dedicação de diversos profissionais da saúde.

A vida em muitos momentos atinge seu limiar, e pode soprar como o vento sem volta, para uma transição que é puro mistério. O humanitarismo e o olhar atento para o outro se tornam essenciais nesse contexto. A finitude habita salas de necropsia, a vida se despede em sacos plásticos, mas também se renova nos centros cirúrgicos, nas mãos de médicos, enfermeiros e técnicos, e se irradia  nas palavras daqueles que acompanham seus entes queridos. Conviver com a proximidade da morte nos faz pensar na importância de cada instante, nos sentimentos que ficaram congelados pelo medo , no amor que deixamos de compartilhar e em tudo que podemos ser e fazer, mesmo sabendo que algumas perguntas jamais serão feitas e muitas respostas nunca teremos.

Com a cura chegam o regozijo e a recompensa por acreditar em algo que parecia impossível. Dona Aparecida recebe alta após um longo tratamento e cirurgia de estômago.

– Tive alta hoje, vou para casa ver meus netos e familiares.

O semblante de felicidade é visível, seus pertences já estão a tira colo, quando Aparecida se despede:

– Fiquem com Deus, que todos tenham a mesma sorte que eu tive!

Seus passos firmes e apressados caminham de volta à vida, e nós, meros mortais nessa hora elevamos o pensamento ao Criador para apenas agradecer o bem mais sagrado, o nosso maior tesouro, o privilégio de estarmos vivos.

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