“Você sai de lá, pensando se realmente não mereceu apanhar. Sentindo-se culpada pela situação, até. É horrível, é constrangedor”!
Este é um relato de uma mulher vítima de violência doméstica que procurou a Deam- Delegacia de Atendimento à Mulher, em Petrolina-PE.
A jovem de 25 anos conta que foi agredida e ameaçada de morte por um irmão no último domingo (29) e na segunda-feira (30), procurou a delegacia para prestar queixa contra ele, fazendo valer a Lei Maria da Penha.
“Não foi a primeira vez que este irmão me agrediu e ameaçou. Temendo que as ameaças dele se concretizem e para dar um basta neste conflito familiar, procurei a Deam na segunda-feira, já que não há funcionamento aos domingos. Chegando lá, um policial me atendeu e registrou a queixa. Me encaminhou para uma escrivã que estava “muito ocupada” para colher meu depoimento e tentou de todas formas fazer com que eu desistisse de registrar a queixa. Foi extremamente frustrante. Ela praticamente disse que era eu a culpada por ter apanhado”, relatou.
A jovem conta que voltou para casa sem fazer o registro da violência sofrida, porque foi orientada a comparecer no dia seguinte, terça- feira.
“Eu respondi que não poderia perder mais um dia de trabalho e passar novamente por aquele constrangimento. Uma delegacia sem estrutura, sem nenhum acolhimento às mulheres vítimas, que não se sentem seguras e apoiadas quando acionam o amparo legal. Se eu que tenho o terceiro grau, me senti assim, imagine as mulheres menos esclarecidas? De que adiantam as campanhas de incetivo a denúncia contra a violência doméstica, se a delegacia sequer tem estrutura e policiais preparados para atendê-las? “, questionou.
Ela diz que foi informada que a delegada titular estava de férias e só retorna em dezembro, mas que foi prestada uma queixa contra a escrivã na Corregedoria da Polícia Civil.
Está não é a primeira reclamação do mau atendimento na Deam de Petrolina, que o PNB recebe. Já recebemos outras queixas do despreparo por parte de alguns servidores da delegacia que pecam no acolhimento às mulheres vítimas de violência.
“Muitas desistem. Eu desisti”, concluiu a jovem.
As DEAMs são unidades especializadas da Polícia Civil, que realizam ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes de violência doméstica e violência sexual contra as mulheres, entre outros. Entre as ações, cabe citar: registro de Boletim de Ocorrência, solicitação ao juiz das medidas protetivas de urgência nos casos de violência doméstica e familiar contra as mulheres, realização da investigação dos crimes.
O atendimento deve ser acolhedor e a vítima deve exigir que seu depoimento seja em local separado do(a) seu(sua) agressor(a), caso ele tenha sido levado para a delegacia; Sem que outras pessoas ouçam o que ela diz e o mais importante: A vítima dever ser respeitada e ouvida por todos os profissionais da delegacia sem julgamento ou culpabilização e sem que nenhum policial tente fazê-la desistir do boletim de ocorrência alegando que ela se comportou mal ou “que não vai dar em nada” ou ainda que “é melhor conversar com o(a) agressor(a).
Da Redação
País ao qual a lei não funciona para todos de igual forma Alguns órgãos existem apenas por força de lei e finge que cumpre o seu papel e funcionários públicos que nao estão preparados para lidar com o público…