“Os versos de Manuca”- Por Carlos Laerte

0

Chorei sim. Uma cidade inteira chora a passagem do poeta. Do brincante que trapaceava a irreverência. Do compositor que nem chegou a engolir um teclado mas trazia todo dia um sorriso novo, renovado de notinhas musicais e mil compassos da infância.

Mas então, por que estamos tristes se o poeta continua rindo e a chuva que cai ai fora nos molha a todos como se tudo nessa vida não pesasse menos que os versos de Manuca? E ele, despido de sombra, acaso e solidão segue performático com seus grandes óculos e ares de aviador. Como se tudo fosse apenas uma pausa poética, algo assim insolvente, meio destino, metade transitório.

No caminho que leva aos poemas que ainda não foram escritos há certamente rastros do que poderia ter sido e não foi. O tempo vai se encarregar de mostrar as respostas e a gente de buscar o canal que reflete o eterno você que há em nós.

O ser que do amor teve tantas recompensas, que selou acordos legítimos com a paz e a natureza, agora flerta com a imortalidade e recita suavemente cada tom desta composição infinda.

Talvez seja por isso que hoje somos tantos a acreditar que ‘os sonhos não dormem’. E o menino que caminha até Deus vai feito um anjo com seus velhos sapatos bordados e as gravatas coloridas. Lá do céu, certamente haverá de pintar de azul a Juazeiro de tantas vidas e com as cores do arco-íris essa gente que amava de coração.

Carlos Laerte, jornalista, escritor, poeta e petrolinense.

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome