Desabafo e temor: “Qualquer coisa que venha acontecer comigo, será de responsabilidade da Rondesp”

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A promotora de vendas Rosineide Gomes, 30 anos, mãe de duas filhas adolescentes, moradora de Juazeiro, denunciou ao Portal Preto No Branco na última segunda-feira (27), que ela e o marido foram vítimas de uma ação violenta praticada por policiais da Rondesp Norte, na madrugada do domingo (26).

Ela conta que os dois voltavam de um evento familiar no residencial Juazeiro I, bairro Itaberaba em Juazeiro-BA, quando foram abordados por duas viaturas da Rondesp.

“ Eles mandaram a gente parar o carro e nós, prontamente, atendemos. Isso aconteceu por volta das 3 da manhã. De repente, eles nos agrediram, covardemente, com vários chutes, ponta pés e socos. Também nos lançaram spray de pimenta. Fui jogada no chão e tive minha cabeça chutada. Eles me xingaram de “vagabunda”, “cadela” e outras palavras de baixo calão”, relatou a mulher.

Ela disse ainda que quando perguntava o motivo da abordagem violenta, eles perguntavam “pela droga”.

” A todo tempo explicávamos que não sabíamos de droga, que éramos cidadãos de bem e que temos residência e emprego fixos. Estou indignada com toda essa situação. Quem deveria nos proteger é quem nos faz o mal”, desabafou.

De acordo com Rosineide, os policiais deixaram o local levando a chave do carro deles.

“Eles levaram a chave e nós buscamos ajuda dos moradores do bairro para chegar até a delegacia e prestar queixa. Fizemos outra chave para tirar o carro do local e fomos buscar atendimento médico, porque ficamos bem machucados”, conta Rosineide.

Rosineide fez exame de corpo de delito e já registrou a denúncia no Ministério Público e na Corregedoria da Rondesp Norte.

Ela relata que faz tratamento contra uma depressão e seu estado piorou depois do trauma sofrido.

” A cada dia que se passa não só as dores físicas mas também as tensões psicológicas aumentam. A cada momento vem o sentimento de impotência. Não consigo me olhar no espelho, pois os socos e ponta pés desferidos em minha cabeça e em minha face, deixaram hematomas horrorosos. Estou em estado de choque até hoje e tenho certeza que esse trauma vai me acompanhar por muito tempo. Sou mulher guerreira, que arregaça as mangas para conquistar os meus objetivos e dar uma vida e uma educação de qualidade as minhas filhas. Trago o sustento pra minha casa. Tenho profissão, vários cursos, mas fui tratada como uma criminosa. Desde o acontecido, não consigo dormir, nem me alimentar”, desabafa.

Temendo represálias, Rosineide também deixa um aviso.

“Quero deixar bem claro que qualquer coisa que venha a acontecer comigo ou com minha família, será de responsabilidade da Rondesp. Não tenho inimigos, mas confesso que estou com medo de represálias futuras. Eu não tenho entrada em nenhuma delegacia, nunca usei ou trafiquei nenhum tipo de produto ilícito. Fui torturada como se fosse uma criminosa. Minha face está deformada. Espero seja tomada alguma providência. Chega de impunidade nesse país chamado Brasil”, desabafou Rosineide.

Da Redação por Sibelle Fonseca

2 COMENTÁRIOS

  1. Ano passado, alguns estudantes menores de idade de uma escola pública do Bairro Dom José Rodrigues, moradores das imediações da Malhada da Areia, relataram que foram tratados de forma truculenta pela RONDESP, ao voltarem da escola, no final do ano passado. Os policiais abordaram os estudantes de forma agressiva obrigando-os a dizerem onde era o ponto de drogas daquela comunidade. Por mais que os jovens tentassem explicar que não sabiam e não estavam envolvidos, os policiais batiam impiedosamente, utilizando gritos acusadores. Um dos familiares, um idoso de mais de 60 anos, viu a ação e se aproximou para argumentar que os meninos não eram envolvidos com drogas e foi agredido violentamente com tapas na face. Os adolescentes disseram que não denunciaram a violência por receio de represálias, sendo que dois deles, desistiram de estudara com medo de outras abordagens da polícia no retorno da escola para casa. Um deles afirmou “ não venho mais porque não sei o que é pior – encontrar com bandidos no caminho pra casa ou com a RONDESP”.

  2. Outro cidadão pai de família relatou que recentemente foi parado em uma ‘blitz’ pela RONDESP, onde teve seu carro revistado por mais de uma hora, sob a pressão de ameaças e acusações que o colocaram em situação de alto constrangimento. Segundo o relato, os policiais o ameaçaram de levar um “tiro na cabeça” caso o mesmo não permanecesse com as mãos levantadas. A ação se deu em uma via pública em Juazeiro, numa demonstração de abuso de autoridade e despreparo (ou preparação equivocada) destes policiais para lidarem com a comunidade e com cidadãos de bem: “ se me trataram daquela forma em uma via pública, imagino o que devem fazer em situações que não se tem testemunhas das suas abordagens. Me senti humilhado, tratado como um bandido por aqueles que deveriam nos proteger”. O que fazer diante dessa polícia que age sem respeitar o cidadão de bem?

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