Quem foi Edésio Santos? Por Rogério Leal

2

Hoje começa o já tradicional Festival Edésio Santos da Canção, em Juazeiro. E eu quero falar sobre Edésio Santos, porque ouço algumas pessoas perguntando o porquê desse nome, querendo saber quem foi Edésio Santos.

Tem gente que, inclusive, é contra o festival ter esse nome. Bem, Edésio não foi alguém que ganhou projeção nacional ou internacional, nem projetou o nome da cidade. Não revolucionou a música brasileira. Tocava em orquestra, cantava em coral, tocava em barzinho, em serestas, onde chamassem.

Para sobreviver, virou funcionário público e também desenhava casas, em um tempo em que arquiteto(a) era raro(a) na cidade e não era acessível para a classe média.

Foi um dos melhores amigos e compadres de meu pai, que eu aprendi a admirar desde criança, quando tocava guitarra no trio elétrico, no carnaval, ou quando o acompanhava nas serestas. Tinham o mesmo gosto musical, mas reclamava que “Toinho é sofisticado demais”. Nem precisavam combinar os tons. Se entendiam só no olhar.

Tocaram juntos para vários cantores que vinham se apresentar na região.

Certa vez, lhe perguntaram o que achava da turma jovem que lia partitura, tocava pelos songbooks e ele respondeu:“que nada, músico bom tem que tocar primeiro é em cabaré, acompanhar qualquer música”.

Participou de vários festivais de música na região e as grandes marcas destas canções eram a melancolia e a doçura das melodias. Inesquecíveis para quem viveu e ouviu.

Tinha um sonho: ver suas canções registradas em um disco. Morreu sem ver.

Morreu logo depois que eu tinha saído do plantão. A sequela do AVC não permitiu que eu entendesse o que balbuciou – ou resmungou- quando me despedi. Uma piada ou um lamento, nunca vou saber…

É isso! Edésio foi “apenas” um grande músico, um operário como tantos outros. Foi, sobretudo, um ídolo local para algumas gerações de juazeirenses.

Batizar o nome de um festival da canção é o mínimo que esta cidade poderia ter feito por ele. Foi o máximo de reconhecimento que ele teve e ainda bem que este veio em vida e ele pode sentir essa alegria.

Todos os anos eu sinto o maior orgulho quando vejo o nome dele ser falado!

Gosto de lembrar de como ele gostava de me ver cantando, desde criança. Gosto de lembrar dele, de meu pai, de tio Bispo, Bosquinho, meu padrinho Giovaneli. Gosto de agradecer às pessoas que me ensinaram e me amaram.

Homenagear Edésio Santos é homenagear tantos outros artistas desta cidade que lutam todos os dias para ser valorizados, que quase mendigam apoio, que aceitam receber cachês abusivos para sobreviver, que se apresentam sem contrato, sem camarim, mas seguem com sua arte.

Vida longa ao Festival Edésio Santos da Canção!

Rogério Leal é juazeirense, médico e cantor. 

2 COMENTÁRIOS

  1. BOA NOITE.LEMBRAR DO MEU AMIGO EDÉSIO SANTOS É BOM DEMAIS.AOS QUINZE ANOS FUI CONVOCADO PELA PRIMEIRA VEZ PARA A SELEÇÃO JUAZEIRENSE DE FUTEBOL PARA DISPUTAR O INTERMUNICIPAL POR EDÉSIO SANTOS NA SUA OUTRA ATIVIDADE FORA A MÚSICA E OS DESENHOS ARQUITETÔNICOS.GRAÇAS A DEUS JUAZEIRO SOUBE HOMENAGEÁ-LO EM VIDA COM A CRIAÇÃO DO FESTIVAL QUE LEVA O SEU NOME E SE NÃO ME ENGANO CRIAÇÃO DE CLÉSIO ROSQUINHA ENQUANTO ASSESSOR DO VEREADOR VALMIR CAMPELO.SALVO ENGANO;VIVA EDÉSIO SANTOS.NO CÉU SÓ BOA MÚSICA.

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome