Compir de Juazeiro diz que vai entrar com ação no MP contra mulher acusada de intolerância religiosa

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Segundo informações apuradas pelo Preto no Branco, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir) de Juazeiro vai entrar com uma ação no Ministério Público contra uma mulher, identificada como Geisa Dantas, por intolerância religiosa. Através de um vídeo publicado em sua conta no Facebook, ela é acusada de fazer declarações discriminatórias sobre o candomblé.

No vídeo, Geisa e uma missionária dizem pertencer à Igreja Evangélica da Paz. Elas se referem ao Candomblé como “terreiros de macumba” e religião “inimiga” de Deus. Um homem, que se dizia candomblecista, tem sua alma “convertida” ao reino de Deus.

A gravação foi feita durante a realização de cortejo afro que desfilou na Orla de Juazeiro na última sexta-feira (08), em comemoração ao Dia Municipal dos Povos de Terreiro.

A União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) de Juazeiro enviou uma nota repudiando as declarações de intolerância religiosa de Geisa “em nome de uma lógica cristã alienante”. Leia na íntegra.

Nota de repúdio às declarações intolerantes da senhora Geisa Dantas

A União de Negras e Negros pela Igualdade Juazeiro Bahia-UNEGRO repudia as infelizes e discriminatórias declarações da senhora Geisa Dantas, acerca das religiões afro-brasileiras, em específico, o candomblé e às homenagens rendidas a Oxum no último 08 de dezembro na cidade de Juazeiro Bahia, com um cortejo saído do bairro do Quidé em destino a orla de Juazeiro.

Sendo este evento motivo das declarações intolerantes proferidas por esta senhora, vimos nos posicionar contrárias/os e combativas/os a tal prática racista e preconceituosa, que desorganiza a sociedade e o processo civilizatório de um povo, enquanto seres constituídos e forjados nas suas culturas e costumes. Tal prática nos remonta aos tempos sombrios e trevosos da civilização, nos quais pessoas e costumes eram dizimadas/os em nome de uma lógica cristã alienante. Não, não queremos o retrocesso e nem mais a submissão do nosso povo diante de atitudes estúpidas e fascistas de segmentos religiosos opressores e destruidores.

Hoje, somos respaldadas/os e resguardadas/os pela Constituição Federal no Art.5º e Incisos VI e VIII que nos assegura o nosso livre culto e manifestação religiosa, de modo que qualquer posicionamento que venha nos degradar, ofender e desqualificar, deverá ser reprimido e combatido pelas vias legais, sob pena de enquadramento do indivíduo infrator da lei. Em se tratando de Juazeiro, temos a Lei Nº 3.122/2014, que institui o dia 08 de dezembro como o Dia Municipal dos Povos de Terreiro.

Juazeiro, com sua população de 73% de Negras/Negros e Pardas/Pardas não tolera mais esse tipo de prática e atitude fascista. A UNEGRO apoiará toda iniciativa jurídica e lega dos povos de Terreiros e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial do Município de Juazeiro acerca deste caso, que ganhou repercussão devido a sua divulgação indiscriminada em redes sociais.

Da Redação

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