Hoje é domingo e eu me comprometi comigo mesma a escrever alguma coisa que sirva ser compartilhada. Apesar de ter mil e um motivos para ser inspirada e instigada o tempo todo, estava sem vontade hoje. Ou sem concentração, acho!
Sempre Aos Domingos. Me impus um sempre. Sério isso? Eu que sei que o sempre nunca existiu? Eu que sei que o sempre limita, engana, ilude, oprime, angustia, emburrece, aflige, até, prometi um sempre?
Devo mesmo viver muito apaixonada. Ser uma eterna apaixonada. Dessas, que só em olhar, já jura eternidade, de tão intensa que é, e enxerga logo o ” happy ending”, antes mesmo de ler o livro de contos de fadas todinho. E prometer o pra sempre. O pra sempre não existe. E impede de viver o agora de forma muito mais vivida. Isso eu aprendi!
A ideia do sempre, sempre me perseguiu e isso me adoecia. Até que “um belo tempo eu resolvi mudar”, pra não me frustrar e só crescer mais um pouquinho a cada dia.
Eu não fui sempre assim como sou hoje. Eu nunca fui essa pessoa de agora. E ta aí a prova da inexistência do sempre. Deus me livre de ser o que já fui um dia. Tive que enfrentar meus medos e minhas crenças. Tive que chutar o balde cheio de imposições sociais e que me aprisionam e aprisionam as pessoas. Tive que perder amigos, ganhar amores, sofrer demais, ficar confusa, chorar e rir de mim mesma. Tive que surpreender, afrontar, decepcionar, chorar um bocado, me despedaçar, mas hoje sei que valeu a pena. Trilhei o caminho da evolução, graças a um preço alto que paguei.
Paguei pela minha desconstrução e hoje me sinto muito mais inteira, leve.
Muito mais feliz! Não foi nada fácil, mas eu acho que me tornei uma pessoa muito melhor e verdadeira.
Sem querer dar conselhos a ninguém porque tenho certeza que não sou exemplo de nada e para quem quer que seja, vou só revelar o primeiro passo que dei: Ele foi calçado no NÃO! Sim, eu aprendi a dizer NÃO. Pra mim e para os outros. Sim , um sim que também pode ser bem amoroso e cheio de boa vontade.
Sibelle Fonseca é radialista, militante do jornalismo, pedagoga, feminista, conselheira da mulher, mãe de quatro filhos, cantora nas horas mais prazerosas, defensora dos direitos humanos e uma amante da vida e de gente.
