“Cabra Cega”, um investimento alto no público sanfrancisco: Vamos retribuir aplaudindo de pé?

1

“Arrebatadora!” “Surpreendente!” “Espetacular!” Palavras de quem foi ontem (4) à estreia do musical “Cabra Cega”, que criticou o modelo político do Brasil, questionou o conceito e a prática da corrupção, reagiu, enfrentou, repudiou e aguçou o senso crítico do público.

A peça, inspirada na obra de Aloísio Villar, conta a história de Majestade, operário de construção civil, que depois de 30 anos de serviços prestados a uma empresa é demitido, no mesmo dia recebe um diagnóstico de câncer e sabe que tem pouco tempo de vida. Pai de uma cadeirante, ele precisa comprar o medicamento de sua única filha, já que a saúde pública deixou de fornecer. No desespero, Majestade pratica um assalto na saída do banco e sua vítima ninguém mais é, do que um deputado federal, com uma mala cheia de dinheiro. A trama desenrola-se por aí e entra pelos caminhos do autoconhecimento, de uma prestação de contas com a alma humana e com o país. Conclusão: Somos uma nação de “Cabras Cegas”, alheios a verdade.

No palco, diversas linguagens artísticas: Música, dança, teatro, que aliados a tecnologia de luz, som e imagem compõem o espetáculo que impressiona pelo bom gosto, excelentes direção e produção e por interpretações fortes e carregadas de emoção. Um investimento alto no público sanfranciscano que deve retribuir lotando o teatro nos dois dias em que o musical pode ser visto e aplaudido de pé.

O espetáculo, tem direção geral de Alan Cleber, direção de montagem de Hertz Félix, produção executiva de Kátia Gonçalves e no elenco, cantores, cantoras, atores e atrizes que foram impecáveis em cada papel. arlinhos Tapioca, Elisângela Moura, Elder Ferrari, Ivan Leão, Joyce Guirra e Rodrigo Leal, arrasaram!

A avaliação do público se traduz na escrita do jornalista, publicitário e poeta petrolinense Carlos Laerte, que foi a estreia e afirmou “Cabra Cega”, um espetáculo pra todo mundo ver.

Foi com poesia que Laerte descreveu o musical:

“Feito tatuagem. Parece que os diálogos, movimentos e a música saem contigo do teatro e vão tomar uma cerveja na esquina. Foi esse o sentimento, ontem à noite, após conferir o espetáculo ‘Cabra Cega’ no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro – BA. Uma montagem cheia de surpresas poéticas e tecnológicas que vai tomando cada um dos nossos sentidos a cada pulsar da obra de Aloísio Villar. E para nos acompanhar neste universo crítico ao modelo político e econômico brasileiro, a música de Chico Buarque de Holanda vai abrindo veredas na emoção e provocando questionamentos atemporais.

A Geni das pedradas continua seduzindo corruptos e corruptores nas ruas de hoje. Os operários em construção, as divas, os malandros e manés agora pousam para self com grandes malas abarrotadas de dinheiro e derramando atitude dos outros. O trabalhador que é demitido, o câncer que desafia a solidariedade e o desespero de uma massa oprimida e de olhos vazados. Nada passa despercebido à direção artística de Hertz Félix.

Os músicos estão ali no palco, em cena, com imagens em movimento projetadas em led, desnudando a alma humana nacional e a verdade que insistimos em não enxergar. Em alguns momentos, o barulho do ar condicionado concorre com a voz dos atores, mas de repente, Elder Ferrari, numa atuação impecável, explode em notas musicais e vigorosa dramaturgia.

Joyce Guirra toca o espaço cênico e a visão do público com interpretação equilibrada e olhar panorâmico. Ivan Leão, Elisangela Moura, Rodrigo Leal e Carlinhos Tapioca completam o elenco com um bom conjunto de atuações.

Na direção geral, o cantor, ator e coreógrafo, Alan Cleber exibe um repertório expressivo que conquista o público e traz mais aplausos ao conjunto. Certamente uma encenação de múltiplas linguagens que a partir da produção executiva de Kátia Gonçalves faz desse espetáculo uma importante contribuição à grade de programação teatral do Vale do São Francisco. O espetáculo fica em cartaz no Centro de Cultura João Gilberto até este domingo (6), sempre às 20h. Fica a dica”. (Carlos Laerte).

Com classificação indicativa de 14 anos, Cabra Cega será apresentada hoje e amanhã (6), às 20 horas, no Centro de Cultura João Gilberto. Os ingressos custam R$ 20 na compra antecipada e para estudantes e idosos. Para o público em geral, o valor do ingresso é de R$ 40.

Da Redação/ Fotos Carlos Laerte

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome