Lucinha Mota, mãe de Beatriz, fala da dor de perder a filha, de superação e de sua pretensão política

(foto: Preto no Branco)

Lucinha Mota, mãe da menina Beatriz Mota de sete anos, assassinada na noite do dia 10 de dezembro de 2016, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, participou nesta quinta-feira (10) do Palavra de Mulher na web. No programa, que marcou a semana das mães, Lucinha falou sobre “a dor e a delícia de ser mãe”, de como vem superando a perda brutal da filha, das investigações do caso, que completou 2 anos e 5 meses, e anunciou sua filiação ao PSOL de Pernambuco. Lucinha revelou sua intenção de concorrer a uma vaga no parlamento nas próximas eleições.

Dor e saudade

“Tenho muita saudade de Beatriz. Tenho belas lembranças de suas travessuras, de seu sorriso. A maior dor que o ser humano pode sentir é a perda de um filho. Perdi minha filha pela crueldade. Vivo essa dor todos os dias. O que me alivia são as lembranças de Beatriz e os meus outros dois filhos. É uma dor que não tem nome. Dói na carne. É como se minha carne se rasgasse e meu corpo se despedaçasse. Tem dias que eu não quero levantar, falar, nem comer. Mas tem dias que eu quero tudo. É um renascimento. Todos os dias eu sou uma Lucinha nova.”

Luta por justiça

“Enquanto eu viver e tiver forças para caminhar e cobrar de instâncias, no nosso país ou internacionais, eu vou lutar. Vou em busca de justiça. Não vou parar nem me calar. Vamos continuar com os manifestos. Estamos nos organizando para o próximo ato. O Ministério Público que me aguarde, porque ou vamos para Recife ou para Brasília. Quero respostas e que o caso seja solucionado, pois não existe crime perfeito, existe crime mal investigado.”

“Meu pior momento do dia é a hora de tentar dormir. Me chegam todas as lembranças, principalmente do dia 10. Vivo isso todos os dias e é essa dor que me dá forças para lutar. Sofro para dormir e para acordar também. Fui lapidada da forma mais cruel possível, mas é por Beatriz e por Deus que luto por justiça. Eu sugiro a todas as mães que perderam seus filhos de forma violenta, que vão para a luta nas ruas. Nossos filhos não morreram e eles precisam de justiça. Plantaram na nossa sociedade essa política de ‘deixar para lá’ e não é assim. Precisamos nos incluir.”

Sentimento de culpa

“Me sinto culpada por não investigar o colégio para saber se estava em dia com a justiça, se era uma empresa idônea para atuar no mercado, se oferecia segurança para os alunos no dia, o que não ocorreu. É uma responsabilidade minha como mãe. A minha culpa foi porque não investiguei antes de colocar meus filhos lá dentro.”

Investigações

“Sentamos e conversamos, em dezembro, com a nova equipe do Ministério Público e fizemos um pacto. Um dos meus pedidos foi que a Delegada Poliana ( que assumiu o caso em dezembro) começasse do zero para refazer tudo, e ela concordou. Nos últimos dias ela começou a fazer uma operação, acredito que para finalizar, já que estive recentemente com ela e ela disse que está perto de solucionar. O Ministério Público também vem trabalhando com uma linha de investigação paralela a da polícia. Eu também estou investigando, com minha equipe. Dra. Poliana vem ouvindo várias pessoas, algumas novas. Acredito que breve teremos uma resposta, e se não tivermos, eu vou continuar, porém vou ser mais agressiva. Vou a outras instâncias, vou fazer denúncias. A Polícia Federal também está ajudando (nas investigações).”

Filiação política

“Recebi alguns convites de partidos de pernambuco, fiz uma análise e um estudo. Acredito que as pessoas de bem precisam se incluir na política, pois só dessa forma podemos melhorar. Um dos motivos para eu ir para o PSOL foi a liberdade. Se eu decidir me candidatar a deputada ou governadora, eles irão me apoiar. A história do PSOL é bonita e limpa.”

“Nada vai me alcançar. Estou pronta para enfrentar o que vier pela frente” (disse sobre as possíveis críticas ou ataques à sua intenção de ingressar na política partidária).

Mensagem para mães

“Beije mais. Abrace mais. Curta mais. Viva mais com seus filhos. Aproveite cada segundo. Para as mães que estão na dor como eu, a mensagem que deixo é que Deus nos fez uma promessa de devolver nossos filhos e nos reencontrarmos. Acredito profundamente que irei abraçar Beatriz novamente e matar toda a saudade que consome meu corpo hoje. Compartilhe e impulsione o amor, a força, a verdade, a justiça.”

Da Redação