Ilha do Fogo: “Será que a intenção é privatizar?”, questiona ambientalista

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(foto: PNB)

Seja aos sábados, domingos, feriados, ou até mesmo durante a semana, a Ilha do Fogo, lugar paradisíaco localizado entre as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), é o destino certo para muitos cidadãos e cidadãs que residem em ambas as cidades.  É difícil atravessar pela ponte Presidente Dutra e não ver o local movimentado, seja por banhistas ou esportistas.

Ponto de encontro e lazer para casais, amigos e famílias, a Ilha do Fogo tem um grande potencial turístico, fazendo parte do roteiro de muitos visitantes que chegam as duas cidades sertanejas. Entretanto, o atual cenário do local vem incomodando os frequentadores.

Garrafas, latas de cerveja e refrigerante, restos de alimentos e cigarros, papéis, plásticos… O lixo está em toda parte: dentro e nas margens do rio, na área reservada para os comerciantes, assim como também no casarão da Ilha, que  está completamente depredado.

O ponto turístico, que entre 2012 e 2015 esteve sob o domínio do 72 Batalhão de Infantaria Motorizado (72 BIMTz), que permitia o acesso do público apenas aos finais de semana e feriado, passou a ser responsabilidade da prefeitura municipal de Petrolina por decisão da Secretaria do Patrimônio da União (SPU). Durante o ano de 2016, ainda na gestão de Júlio Lóssio, foi firmada uma parceria com a empresa Arca-Sport, que desenvolveu atividades de preservação e segurança do ponto turístico.

Segundo Rodrigo Rodrigues, dono da empresa, além dos serviços de salva-vidas, que voltaram a ser ofertados aos usuários, foi firmado um acordo que garantia a coleta periódica de lixo na Ilha do Fogo. “Eu tomava conta da área de banhistas. Botei placas de sinalização e boias no rio, contratei salva-vidas para os finais de semanas e feridos, espalhei dornas de lixo no local e garantia a limpeza da ilha uma vez por mês. A contra-proposta era um espaço para a locação de caiaques. Esse trabalho foi feito entre janeiro e dezembro daquele ano”, afirmou o empresário.

Mas essa situação, segundo o ambientalista Ênio Costa, mudou a partir de 2017. “Hoje a Ilha está degradada, com alto consumo de drogas. Estamos esperando que coisas piores possam acontecer em virtude da falta de cuidado do poder público de Petrolina. Essa ausência faz com que a ilha fique degradada”, afirmou.

Ele acredita que a intenção da gestão municipal pernambucana é privatizar a Ilha do Fogo, o que limitaria o acesso da população. “Me parece uma lógica bem perversa de degradar o espaço para depois dá para algum ente privado para que possa explorar. Acredito fielmente que há uma intenção lógica para que a ilha esteja dessa forma. Não há justificativa para tanto lixo acumulado e o alto consumo de drogas ali dentro. Todo dia um ambulante novo explorando e degradando o espaço. Virou terra de ninguém. Vários afogamentos já ocorreram esse ano, várias reclamações, mas a prefeitura não se sensibiliza. Um espaço tão bonito, uma ilha urbana com um aspecto  belíssimo, mas que sofre com a falta de compromisso”, disse.

O ambientalista fez ainda uma denúncia em relação a área onde funcionava o galpão da Franave, que também está localizado na Ilha do Fogo. Segundo Ênio Costa, está havendo um loteamento do espaço. “Um popular já construiu, ao fundo, o seu quintal. Um outro está construindo e plantando. Outro está fazendo uso do galpão como depósito. Tudo isso vai culimar com a privatização, e aí a população não vai ter tanto acesso livre como hoje, ou podem fechar a ilha com o argumento que foi utilizado anterior, de consumo de droga e lixo acumulado”, alerta.

A estudante Iasmin Monteiro, paulista que mora há dois anos na cidade baiana, disse ser encantada com o ponto turístico, mas acredita que a atual situação de degradação se dá, principalmente, pela falta de responsabilidade dos frequentadores. “A Ilha do Fogo é do povo, mas o próprio povo não cuida. Diversas vezes me deparei com pedaços de isopor e plástico no rio, tem pessoas que deixam lixo na areia e consequentemente desce para a água. Acho que além de cobrar os governantes, precisamos ter consciência e preservar a nossa natureza”, alerta.

Para a jornalista Hyarlla Wany, é preciso investir em coletores de lixo e serviço de salva-vidas. “Tudo que é descartado nas lixeiras retorna ao meio ambiente, já que as mesmas não suportam a quantidade de entulho. Além disso, não é oferecido um serviço de salva-vidas. Por duas vezes cheguei na ilha e vi um corpo empacotado na maca do IML. Só conscientizar o povo não é suficiente, mas enquanto essas questões não são resolvidas, o melhor a se fazer é levar o lixo daquilo que for consumido para casa ou descartar em alguma lixeira na rua”, sugere a jornalista.

Impressiona tamanho abandono de um local com forte potencial turístico, cultural e histórico. Ventilou-se a possibilidade da Univasf fazer alguma intervenção no casarão que está depredado, mas a ideia não foi adiante.

Mesmo sendo a ilha de responsabilidade do município de Petrolina, uma parceria entre os dois municípios, que possibilitasse ações conjuntas de preservação e manutenção do ponto turístico, poderia garantir o local como uma opção de lazer, de prática esportiva e ponto turístico.

A ilha é frequentada por petrolinenses e juazeirenses, portanto é só uma questão de sensibilidade, de boa vontade e entendimento entre as duas prefeituras para que hajam intervenções naquele espaço. Que seja, minimamente cuidado, com limpeza, ordenamento dos ambulantes, segurança e salva vidas.

Que os gestores enxerguem a Ilha do Fogo! O povo agradeceria!

Da Redação por Thiago Santos

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