
“Inadmissível”. É assim que João Marcos, morador do bairro Residencial Juazeiro III, no bairro Itaberaba, descreve a situação que enfrentou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. O motorista de aplicativo buscou a unidade de saúde após sua filha de oito anos sentir fortes dores abdominais e na nunca, e apresentar febre alta.
Pai e filha deram entrada na UPA por volta das 17h desta segunda-feira (27). João contou ao PNB que logo após passar pela triagem, a filha foi encaminhada para a sala de raio-X da UPA, onde realizou o procedimento normalmente. Entretanto para a realização dos outros exames solicitados pelo médico de plantão, enfrentou dificuldades.
“Só coletaram o sumário de urina depois das oito horas da noite. E só quase às dez horas da noite, depois de ficar nos corredores procurando as enfermeiras que estavam em outras salas, foi que uma senhora veio fazer a coleta de sangue para dar continuidade aos exames da minha filha”, contou. O motorista chamou atenção para o procedimento incorreto realizado pela profissional, que coletou o material sem luvas. “Será que está em falta?”, questionou.
(foto: arquivo)
Os resultados dos exames deveriam sair até meia-noite. Posteriormente, João e outros e pais e mães que também aguardavam exames, foram informados pelas enfermeiras que os resultados só seriam entregues às seis da manhã. Pai e filha voltaram para casa e retornaram nas primeiras horas do dia. “Deu seis horas, e nada. Sete horas, e nada. O resultado do exame de sangue só chegou por volta de oito horas. E já por volta das dez da manhã foi que chegou o último resultado, o sumário de urina”, disse João Marcos.
O pai também contou que somente após os dois exames serem entregues, a filha foi medicada com soro. “Ela estava sem puder se alimentar desde ontem de tarde, quando demos entrada na unidade de pronto atendimento, que de pronto atendimento só tem o nome mesmo. É inadmissível”, acrescentou.
Até o início da tarde de hoje, a filha de João seguia em observação na UPA.
Estrutura inadequada
Sala pediátrica – Desde setembro do ano passado, com a implementação do redimensionamento na rede municipal, os serviços de urgência pediátrica passaram a ser atendidos na UPA, que já recebia pacientes adultos em situação de emergência e passou a receber também essa modalidade de urgência, que antes funcionava no Hospital Materno Infantil de Juazeiro (HMIJ), que por sua vez, agora recebe apenas urgências obstétricas.
Segundo João Marcos, o espaço não dispõe de estrutura adequada para atender pacientes e acompanhantes. No interior da unidade de saúde, na sala de espera da ala pediátrica, a quantidade de cadeiras não é suficiente para atender a demanda. Os pais são obrigados a ficar com as crianças no colo (conforme mostra a foto abaixo). “Tem gente que fica uma hora de pé, esperando vagar alguma cadeira”, disse.

Área externa – João relatou ainda sua insatisfação com os acompanhantes que necessitam ficar do lado de fora da UPA. É que após as mudanças do novo sistema, os acompanhantes estão sendo impedidos de aguardar na sala de recepção da unidade, como acontecia anteriormente. Eles aguardam do lado de fora da unidade, sem nenhuma acomodação, sem assentos e sem acesso a banheiro ou a um bebedouro (conforme o vídeo abaixo).
Em outubro do ano passado a situação foi denunciada pelo PNB, que acompanhou a situação de perto (relembre). Na época, a Secretaria de Saúde informou que no local havia sido instalada uma proteção de caráter provisório e que um projeto foi feito para construção de um abrigo para os acompanhantes na área externa. Dois meses depois, após uma nova reportagem, a SESAU garantiu que construção do abrigo já estava em andamento e que a previsão de término era neste mês de janeiro de 2020 (reveja).
Entretanto, até o momento, os acompanhantes seguem sem uma acomodação adequada e aguardam por horas, sem condições mínimas de conforto. “Estou inconformado com o modo como a gestão atual está levando a saúde de Juazeiro”, criticou João Marcos, que disse ainda se sentir indignado com a situação das famílias que aguardam do lado de fora.
Sesau se manifesta
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou a paciente citada estava sendo acompanhada da mãe e esclareceu ainda que, exames de sangue e sumários de urina são coletados e encaminhados para um laboratório terceirizado que tem os seguintes horários de coletas das amostras e devolução: 7h, 11h, 15h, 19h e 23h.
Sobre a infraestrutura, a Sesau informou que após o redimensionamento, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) passou a reorganizar o fluxo na parte interna e somente os pacientes permanecem dentro da unidade. “Com o atendimento pediátrico direcionado à UPA, crianças e menores de idade são acompanhados por pais ou responsáveis, mas somente uma pessoa permanece com o/a menor. A UPA recebe diariamente 80 crianças para atendimento e o procedimento é que cada paciente tenha um acompanhante”.
A Sesau disse ainda está realizando algumas reformas internas e estruturais “para que em breve possa acomodar, da melhor maneira possível, os demais familiares de adultos”, e que dispõe de uma equipe capacitada para atender os pacientes. Qualquer necessidade de registro de reclamação, a população de Juazeiro pode procurar a SESAU através da Ouvidoria nos telefones (74) 3613-8305 ou 3613-8306.
Da Redação