Juazeiro: Com audiência marcada para o início de abril, acusado do assassinato de Adalberto Gonzaga é encontrado morto

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A Polícia Civil, em Juazeiro, confirmou ao PNB que o corpo encontrado na manhã desta quinta-feira (12), nas proximidades do distrito de Juremal, zona rural do município, é de David Roger Paixão Reis denunciado pelo Ministério Público da Bahia, juntamente com o diretor do Serviço de Água e Saneamento Ambiental (SAAE), Joaquim Neto, e Gabriel Gomes Amaral, acusados de envolvimento no assassinato do ex-coordenador da Defesa Civil da cidade, Adalberto Gonzaga. A Primeira audiência do caso, estava marcada para o início de abril.

O corpo de David foi encontrado em avançado estado de decomposição. A vítima foi amordaçada e carbonizada, segundo a perícia técnica.

De acordo com a PC,  a família de David Roger fez o conhecimento do corpo na manhã de hoje no Instituto Médico Legal (IML).

David Roger estava desaparecido desde último sábado (07), segundo a família. O carro dele, um corola, cor prata, placa KLL-2750, não foi encontrado.

Em outubro do ano passado, David Roger Paixão Reis enviou uma carta ao PNB manifestando-se sobre a denúncia do MP e afirmou que as acusações eram baseadas “em comentários falaciosos que desnortearam o Ministério Público da Bahia (MPBA) na condução do caso”.

“Reitere-se que as descrições do executor dada pela própria testemunha ocular, divergem antagonicamente ao tipo físico do acusado, fato este devidamente denotado na folha 239 do processo criminal. Tal fato demonstra que a denúncia não se baseia nas evidências robustas advindas do brilhante trabalho policial, mas, se respalda em boatos maledicentes”, dizia o texto enviado por David Roger ao PNB.

Ele concluiu dizendo que “As autoridades estão sendo induzidas a erros que não se sustentarão. A testemunha é clara em descrever o assassino e a descrição relatada em nada se parece comigo. Tenho certeza da minha inocência e sei que tudo vai se esclarecer”, afirma em nota o acusado.

Acusado do homicídio de Adalberto Gonzaga se manifesta pela primeira vez e diz ser inocente

Em setembro do ano passado, o radialista Waltermário Pimentel, uma das testemunhas do Inquérito Policial do caso, foi alvo de uma pichação com ameaça de morte feita em um dos arcos da ponte, no Centro da Cidade “Waltermário Bocão, você vai ser o próximo”, dizia a inscrição.

Conforme o inquérito policial, momentos antes de ser assassinado, Adalberto conversou com o radialista e fez denúncias de desvios de verbas na empresa SAAE. Em um dos casos, Adalbertou apontou irregularidades na verba de 5 milhões de reais destinada ao SAAE para a perfuração de poços na zona rural de Juazeiro, no segundo semestre de 2016.

O ex-coordenador foi assassinado, logo após a conversa com Pimentel, na porta de sua residência.

Entenda o caso

Em um inquérito iniciado na Polícia Civil e finalizado pelo Ministério Público da Bahia (MPBA), o promotor Raimundo Moinhos denunciou Joaquim Neto, diretor-presidente do SAAE de Juazeiro, David Roger Paixão Reis e Gabriel Gomes Amaral, por participação no crime. Eles foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.

No inquérito, o promotor diz que após as eleições municipais de 2016 e a mudança na gestão, a vítima foi afastada do seu cargo de Coordenador da Defesa Civil, órgão que opera junto ao SAAE, não sendo renomeado até o dia da sua morte. Adalberto teria ficado insatisfeito com o seu afastamento do cargo e reuniu documentos que constatavam irregularidades no uso de verbas públicas, a exemplo da verba de 5 milhões de reais destinada ao SAAE para a perfuração de poços na zona rural de Juazeiro, no segundo semestre de 2016.

O inquérito expõe ainda que a vítima chegou a procurar Joaquim Neto para questionar sobre a sua renomeação, e informando que tinha provas documentais que poderiam prejudicar o acusado e a administração municipal, fazendo com que Joaquim afirmasse que iria considerar a renomeação da vítima. Após essa conversa, Adalberto passou a receber ameaças de morte, fato que o fez procurar o radialista Waltermário Vieira Pimentel, para denunciar diversos desvios de verbas, levando consigo documentos que comprovavam as irregularidades.

Durante o encontro com o radialista, a vítima teria informado que o ex-prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, estaria disposto a acabar com ele, e como retaliação, Adalberto anunciou que iria divulgar os documentos, diz o inquérito.

O documento também informa que após a conversa com o radialista, a vítima foi para a sua residência e ao chegar ao local, foi surpreendido pelos assassinos, que estavam em uma motocicleta. A pasta com os documentos que estavam com Adalberto teria desaparecido da cena do crime.

“Armação Política”

O diretor do SAAE nega a acusação. Segundo ele, em nota enviada a imprensa, MP-BA se baseou em boato espalhado pelo radialista Waltermario Pimentel, “notório inimigo político nosso e já condenado por calúnia e difamação” .

Dizendo-se indignado com o envolvimento do seu nome no inquérito que investiga o assassinato de Adalberto Gonzaga, Joaquim Neto disse ainda que jamais teve inimizade com a vítima, “nem teria qualquer motivo para atentar contra ele, uma vez que não houve nenhuma irregularidade nos convênios da Defesa Civil e que havia encaminhado à nomeação de Adalberto na gestão que se iniciava, procedimento burocrático normal. Joaquim assegura que tem consciência tranquila, vai provar sua inocência e processar os caluniadores”, diz a nota.

“É preciso destacar que neste inquérito, folhas de 39 a 50, a viúva e o irmão de Adalberto afirmam que a morte dele deve estar ligada a um processo que ele respondia desde 2009, por tentativa de assassinato. ‘As autoridades estão sendo induzidas a erros que logo vamos procurar esclarecer’, afirma em nota o diretor do SAAE”, finaliza a nota enviada a imprensa.

Veja a cópia do inquérito na íntegra

Da Redação

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