“Reabertura do comércio é um marco a ser observado”, diz pesquisador da Univasf sobre trabalho que acompanha evolução da pandemia de covid-19 em Juazeiro e Petrolina

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(foto: arquivo)

No dia 26 de junho, o Grupo de Modelos Matemáticos para COVID-19 do Vale do São Francisco (GMC-VASF) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) divulgou a terceira edição do boletim que analisa, por meio de modelos epidemiológicos, a evolução da pandemia de covid-19 nas cidades de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e Juazeiro, no Norte da Bahia. Na ocasião, em material enviado à imprensa e posteriormente publicado pelo PNB, um gráfico, que acompanhava o conteúdo da matéria, apontava que a curva de crescimento se apresentou mais acentuada no período de abertura das atividades comerciais no município, em 1º de junho.

(foto: arquivo)

Na época, o professor Télio Nobre Leite, um dos pesquisadores do grupo, ressaltou que, após 3 semanas divulgando internamente na Univasf os resultados, a terceira edição do boletim detectou “que o crescimento dos casos confirmados tem relação direta com a data da abertura do comércio (01 de junho) nas duas cidades”.

O PNB procurou o grupo de pesquisadores, a fim de obter maiores detalhes sobre a pesquisa. Alison Melo, que também é membro do grupo de pesquisa, esclareceu que a opinião dos integrantes não é homogênea sobre a interpretação dos dados, e que os boletins não apresentam qualquer conclusão sobre o assunto.

Contrariando o conteúdo anterior do material enviado à imprensa no final de junho, o pesquisador afirmou que o boletim não estabelece uma correlação entre o aumento dos casos e a reabertura das atividades comerciais, e disse ainda que os dados apenas indicam que o numero de casos cresceu de forma acentuada nesse período, e que, para o grupo, a reabertura é apenas um marco a ser observado.

“Em nenhum boletim ou relatório do GMC-VASF foi estabelecida correlação entre o aumento dos casos e a reabertura em Juazeiro e Petrolina. Porém esta correlação é considerada por outros grupos de pesquisa, como o rede de pesquisa solidária da USP, que chegou a estimar que em São Paulo haveria mais de 10 mil mortes a mais (num período) após a reabertura. Além disso a taxa de contato entre pessoas é um parâmetro dos modelos matemáticos. Por isso a reabertura teve destaque no terceiro boletim, como um marco a ser observado”, esclareceu.

Alison acrescentou ainda que a divulgação dos boletins não é de responsabilidade da Univasf, e sim do grupo de pesquisa, e reforçou que não houve nenhum erro. “Estas informações são provenientes de modelos matemáticos já consolidados e usados na comunidade internacional para estudar este tipo de situação. Nós apenas ajustamos estes modelos aos dados das duas cidades. Em todos os boletins há um aviso sobre as limitações destes métodos”, acrescentou o pesquisador.

O membro do grupo de pesquisa disse ainda que o crescimento do número de casos é esperado, uma vez que, até onde se sabe, não havia imunidade prévia à covid-19 na população. “Vários fatores podem influenciar na evolução da pandemia, como medidas de isolamento e distanciamento social e também hábitos de higiene”, disse Alison Melo.

Os boletins semanais do GMC-VASF trazem estimativas obtidas por meio de modelos matemáticos que são ajustados aos dados (casos confirmados e mortes) do relatório sobre a covid-19 disponibilizado pela Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (FACAPE) e em dados da Secretaria de Saúde de Juazeiro. Para cada modelo epidemiológico é feito o ajuste de seus parâmetros, sendo esse ajuste que faz com que a curva gerada pelo modelo se aproxime das informações concretas. A medida de precisão do ajuste é feita por meio do desvio padrão médio, conforme esclarece o grupo, que acrescenta ainda que os modelos matemáticos, a despeito de sua precisão, são representações limitadas da realidade.

Grupo

Existente desde maio, o Grupo de Modelos Matemáticos para COVID-19 do Vale do São Francisco (GMC-VASF) é um grupo multidisciplinar de pesquisadores da Univasf reunidos para analisar, por meio de modelos epidemiológicos e técnicas estatísticas, a evolução da pandemia de COVID-19 nas cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA.

O relatório mensal do GMC-VASF sobre COVID-19 é um documento de caráter informativo que busca concatenar os boletins semanais, publicados no mês anterior, com estimativas ainda não publicadas pelo grupo. São tratados, no levantamento, do número de casos confirmados, mortes, ponto de inflexão e índices de transmissividade da COVID-19 de acordo com diferentes modelos epidemiológicos.

Da Redação

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