As duas federações de petroleiros do país se reuniram nesta quinta-feira (2) em manifestações contra a proposta de privatização da Petrobras, que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e ganha corpo no Congresso sob a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As manifestações, que ocorreram em diversas instalações da companhia, marcam também o início da campanha de negociações do acordo coletivo da categoria, que pede reposição da inflação e de perdas salariais em acordos anteriores e tenta recuperar benefícios perdidos nos últimos anos.
“O governo Bolsonaro enfrentará a maior greve da história da categoria petroleira, caso insista em levar adiante o projeto de privatização da Petrobras”, disse o coordenador-geral da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.
O movimento, que já havia sido anunciado pelo novo titular da pasta, Adolfo Sachsida, é o primeiro passo para garantir a privatização, justificada pelo governo como uma saída para resolver a escalada dos preços dos combustíveis no país.
Em outra frente, Lira prometeu levar a votação um projeto para reduzir a fatia do governo na estatal, eliminando a figura do acionista controlador, em operação semelhante à que já foi aprovada para a Eletrobras.
“A categoria sabe que se a privatização da Petrobras for apresentada ao Congresso Nacional, todas as pessoas, sejam da ativa, e estou falando das áreas administrativas e operacionais, sejam aposentados e pensionistas, todas serão atingidas, sem falar na sociedade”, afirmou Bacelar.
A última grande greve dos petroleiros ocorreu em fevereiro de 2020. A paralisação de 20 dias, que teve impacto na produção da companhia, também teve a privatização como pano de fundo: naquele momento, a empresa negociava a venda de refinarias e fábricas de fertilizantes.
Foi a maior mobilização da categoria desde a greve de 32 dias em 1995. Durante a paralisação, a empresa usou equipes de contingência e contratou temporários para manter as operações em refinarias e plataformas de produção de petróleo.
Segundo dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), por exemplo, a diferença entre o preço interno da gasolina e as cotações internacionais na Bahia é de R$ 0,27 por litro, enquanto a média nacional é de R$ 0,62 por litro.
No caso do diesel, a disparidade é menor: na Bahia, a defasagem é de R$ 0,53 por litro; enquanto a média nacional é de R$ 0,55 por litro.
Folhapress