Ao longo do mês foram registrados 28 alertas ao longo do mês, quase um por dia, de acordo com informações da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Esses dados representam um novo recorde para ataques a mulheres jornalistas. O número representa um terço do total de casos contra comunicadoras registrados em todo o ano e um aumento de 47,7% em comparação com setembro de 2021. Os dados resultam dos monitoramentos de ataques gerais e de violência de gênero contra jornalistas, ambos realizados pela Abraji.
Entre agosto e setembro do corrente ano a violência contra as profissionais de imprensa cresceu 250%. Não à toa, 64,3% dos casos estavam diretamente conectados à cobertura eleitoral e 50% das agressões tiveram a participação de agentes políticos e estatais. A maioria dos ataques está relacionada à turbulência no cenário político brasileiro, que se acentuou durante o período eleitoral.
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro teve um comportamento machista com Amanda Klein durante sabatina no Jornal da Manhã, da Jovem Pan, em setembro, por exemplo. Ele mencionou a vida pessoal da jornalista ao ser questionado sobre os imóveis adquiridos por seus familiares com dinheiro vivo. Depois do episódio, Klein passou a sofrer ataques de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.
Após a publicação da reportagem investigativa sobre o patrimônio imobiliário da família Bolsonaro, a profissional Juliana Dal Piva do UOL, que é uma das autoras da matéria, foi alvo de comentários misóginos na internet. Em uma dessas publicações, feita no Twitter, o agressor sugeriu que o trabalho jornalístico de Dal Piva era resultado da “falta de sexo” em sua vida.
A violência verbal foi um recurso bastante utilizado para desmoralizar e descredibilizar comunicadoras ao longo do mês. Em 67,9% dos episódios identificados em setembro, as vítimas sofreram com discursos estigmatizantes. O papel das redes sociais nesse quadro de violências fica claro com este dado: 64,3% do total de casos teve origem ou repercussão no ambiente on-line. Ou seja, o que aconteceu com Amanda Klein e Juliana Dal Piva se repetiu com outras jornalistas.
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