Conversa com elas: “Nós somos fortes por natureza”, Ana Passos, Prefeita de Sento Sé

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Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Portal Preto No Branco inicia uma série de entrevistas com mulheres que ocupam os diversos espaços de poder na região do Vale do São Francisco. Começamos com a Prefeita de Sento Sé, Ana Passos.

1. Seu ingresso na política, como se deu?

Embora nunca tenha sido algo que eu quisesse, tipo um sonho de criança, considero que foi algo natural pelo convívio. Cresci em um ambiente com pai político, tio prefeito, irmão vereador. Quando menina, sempre estive muito próximo dessa realidade. Além disso, casei-me com um político. Juvenilson estrou para a política muito jovem e quando nos casamos, passei a conviver mais de perto ainda com tudo o que representa esse mundo. Fui Primeira Dama e sempre fiz parte de campanhas eleitorais em Sento-Sé. Estava sempre em contato com as pessoas. Quando, no final do ano de 2015 para inicio de 2016, Juvenilson me pediu para concorrer às eleições daquele ano, apesar do susto, aceitei. E fui a primeira mulher eleita para o cargo de prefeita de Sento-Sé.

2. desafios da mulher na política?

São muitos, mas não são diferentes dos desafios de nós mulheres nas demais áreas da sociedade. Vivemos em uma cultura patriarcal, onde, por anos, ficou muito claro qual o papel da mulher, e não era o de líder. Aos poucos isso foi mudando e, graças a muitas mulheres que vieram antes de mim, cheguei aonde cheguei. O principal desafio já não é mais chegar a ocupar cargos públicos. Temos muitas prefeitas, governadoras, deputadas, senadoras e já tivemos uma presidente. O que mais precisamos agora é apenas de respeito e que parem de nos subestimar. Se podemos ser excelentes donas de casas, mães exemplares, podemos também ser o que nós quisermos. Essa é uma marca de toda mulher: nós somos fortes por natureza.

3. Como concilia as atividades públicas e pessoais?

Fácil não é. A vida pública nos toma um tempo muito grande. Inevitavelmente ficamos mais expostas e suscetíveis a avaliações. Tenho tentado agir da maneira mais natural possível. No início foi mais complicado, confesso, mas hoje já estou muito bem resolvida com a Ana Passos, prefeita, e a Ana Luiza, mãe, esposa, filha, irmã, amiga. Sei muito bem o peso da minha responsabilidade em cada área da vida. Sou uma mulher de fé. Isso me ajuda muito. Busco sempre a Deus em oração e isso me ajuda muito a lidar com isso tudo.

4. Na sua opinião, qual a importância da mulher ocupar espaços de poder?

É uma pergunta difícil essa, pois não acredito que devamos disputar espaço. Chegar a um cargo político deveria está ligado à capacidade que a pessoa tem de estar ali. E para mim, isso independe de ser homem ou mulher. Por outro lado, diante de uma cultura muito machista que ainda impera em nossa sociedade, não há dúvidas que quando uma mulher chega ao poder, isso se torna um grande feito, pois normalmente é fruto de uma luta contra tudo e contra todos. Estar na política hoje, conviver nesse ambiente, me mostra que nós mulheres somos muito mais fortes do que nós mesmas imaginamos.

5. A mulher gestora tem um jeito diferente na forma de governar?

Com certeza! Quando pré-candidata fui questionada sobre o que eu faria caso fosse eleita prefeita. Minha resposta foi franca e direta: quando uma mulher entra numa casa bagunçada, a primeira coisa que ela faz é arrumar tudo. Pois é. Esse é o diferencial da mulher na política. Somos muito mais sensíveis e atenciosas aos mínimos detalhes. Acredito que temos um sexto sentido, aquela coisa de intuição. Isso nos ajuda muito a sermos assertivas. Fora que é sempre um charme uma mulher empoderada (risos).

6. Fala um pouco sobre as conquistas já alcançadas pelas mulheres e as bandeiras de luta?

Acho até que já falei um pouco sobre isso. Todas as nossas conquistas históricas como o direito à vida, a educação, ao voto, a um trabalho digno, dentre muitas outras, são o reflexo da luta de todas. Só quero acrescentar que precisamos conquistar o nosso espaço, sem tentar nos impor. É necessário que a sociedade nos olhe com um olhar de igualdade. Nem superiores, nem inferiores, iguais. Não precisamos ser rotuladas, apontadas, destacadas. Precisamos que nos respeitem e nos tratem com dignidade.

7. Que mensagem deixa para mulheres e homens neste 8 de março?

Para as mulheres: tenham coragem. Há espaço para todas na política e aonde vocês quiserem estar. Encarem o desafio de ocupar o seu espaço na sociedade. Somos capazes sim e isso já está mais que provado. Para os homens: respeitem as mulheres. Isso vale para tudo. Nada além disso. Para todos: existe um município, em estado, um país, um mundo para ser transformado. Vamos fazer isso juntos.

Redação PNB

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