“Nem pra compor a foto convidaram uma mulher. Um atraso histórico!”, Por Sibelle Fonseca

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Contam os mais antigos que havia uma mulher em Juazeiro, conhecida como “Dona Calu”, a mesma que dá nome ao Parque Lagoa de Calu, que era ouvida pelos políticos locais antes que eles tomassem qualquer decisão. Conquistar o apoio daquela matriarca era uma disputa acirrada. Ela tinha uma força política que homem nenhum duvidava, embora não tenha pleiteado nenhuma função eletiva.

De Dona Calu pra cá, ao meu ver, raríssimas mulheres se destacaram na política juazeirense. Seja em cargos ou em decisões. Vereadoras foram poucas e teve uma vice-prefeita. A maioria das figuras femininas, assim como em outras paragens do Brasil, eram laranjas de seus influentes homens. Uma ou outra foram eleitas por ter assinatura própria. Me reservo ao direito de não citar nomes, evitando ferir susceptibilidades.

Chegamos ao ano de 2022, com apenas uma mulher no legislativo municipal e, pela primeira vez na história, com uma mulher prefeita. Um governo desastroso, na minha opinião. A começar pela sua composição totalmente masculina. Tirando a chefe de gabinete que assumiu recentemente, nem a pasta da mulher é capitaneada por uma mulher. Por isso também, como cidadã juazeirense, não conto vantagem em ter uma mulher no assento da prefeitura. Muito pelo contrário. Temo que, a atual gestora tenha “queimado o filme” das mulheres tamanha a incompetência deste seu governo.

As mulheres são praticamente inexistentes na esfera política de Juazeiro, cenário restrito aos homens. E isso quando os números mostram que 51,8% da população brasileira é de mulheres e ainda que timidamente, o Brasil venha passando por uma grande transformação na política com as mulheres conquistando os espaços. Juazeiro alija suas mulheres do processo. Elas seguem silenciadas, invisibilizadas, rejeitadas.

A prova disso está em um registro fotográfico em que aparece a “unida” oposição de Juazeiro com o Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, em um recente encontro realizado na capital do estado. O grupo 100% de homens, me fez lembrar do finado Clube do Bolinha. E olha que o governador é do PT, partido que prega equidade de gênero e os representantes de Juazeiro lá, fazem parte de partidos ditos progressistas. Nem pra compor a foto convidaram uma mulher. Um atraso histórico!

Nem pra tapear usaram uma mulher na foto com o governador, assim como fazem quando as convidam para cumprir a política de cotas em época de eleições. Resta evidente que a lei de cotas, também em Juazeiro, vem sendo usada apenas para preencher o número mínimo com mulheres, como manda a lei 9.504/97. E isso é o que mais veremos em 2024, já prevejo.

A foto em questão traz como legenda, o anúncio de uma união da base aliada ao governo estadual para tratar do futuro de Juazeiro. Mas que futuro? Os homens são os mesmos e as “caras novas” se apresentam numa moldura antiga, desgastada, contaminada pelo velho  jeito arrumadinho de se fazer política nesta cidade.

Só me resta então, questionar: Por onde andam as mulheres com expressão política de Juazeiro? Onde estão as mulheres para enfrentarmos esta luta pela igualdade de direitos entre os gêneros? Elas existem, senhores!

Sinto muito, caros varões, mas a foto de vocês juntos, na minha opinião, é o retrato do atraso político de Juazeiro. Nenhuma mulher, nenhuma mulher. Que lástima!

Por Sibelle Fonseca

 

 

 

 

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