“Juazeiro-BA aos 146 anos: Seu povo é sua maior riqueza”, por Ramon Raniere Braz

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O bandeirante Belquior Dias Moreira não simplesmente tropeçou às margens do Velho Chico. Suas incursões pelo sertão seguiram o roteiro da colonização do território brasileiro, às custas do extermínio dos povos originários do Vale do Salitre, que bravamente resistiram naquilo que o professor João Fernandes da Cunha denominou de Confederação dos Carirís. O extermínio dos indígenas e a escravização dos negros são fatos fundantes do Brasil. Na colonização do semiárido, não foi diferente. Embora, frequentemente não passem de registros eufemísticos na historiografia dita oficial.

Os povos originários que habitavam as terras de Juazeiro já conheciam o potencial dessa região e lutaram bravamente por ela. Da mesma forma, nós, hoje, seguimos lutando à nossa maneira para preservar e valorizar nossa terra.

Juazeiro: o ponto equidistante na intersecção entre o trecho navegável do São Francisco, que interliga o interior do Nordeste ao Sudeste do país e o caminho das bandeiras desbravado pelos bandeirantes sob o comando dos Garcia D’Ávila, ligando o sertão ao litoral.

Desde a gênese, Juazeiro-BA foi vocacionado às grandezas, seja pela localização estratégica, seja pelo solo fértil, seu principal vetor de desenvolvimento. Vocações que, historicamente, esbarraram no desarranjo político, na ganância, em incompreensões e, muitas vezes, no desleixo pelo que Juazeiro tem de melhor: seu povo.

À luz da história, há um sentimento intrínseco no âmago dos juazeirenses, um sentimento que age como um nó na garganta: Juazeiro – a terra do “já teve” ou a terra do “poderia ser, mas não é”. Essa espécie de mágoa coletiva, por vezes, produz baixa autoestima e até certa megalomania, nos induzindo a olhar a outra margem do rio, desviando o foco das verdadeiras potencialidades da nossa cidade.

Mesmo com todos os desafios, a capacidade do juazeirense de se reinventar e de buscar soluções criativas para os problemas cotidianos, reflete a força e a determinação de seu povo para transformar adversidades em oportunidades. Nesse contexto, preciso citar que a cultura vibrante de Juazeiro continua a ser um dos pilares essenciais para o desenvolvimento da cidade.

Para que Juazeiro alcance todo o seu potencial, é fundamental resolver questões históricas básicas através de investimentos em infraestrutura, educação, cultura e saúde. A oferta eficiente dos serviços públicos é fundamental para criar um ambiente propício ao crescimento sustentável, porque não é qualquer modelo de desenvolvimento que nos serve.
Cidades são feitas por pessoas, não apenas concreto, asfalto e aço. Por isso, reitero que é crucial valorizar e preservar a cultura local, garantindo que as manifestações culturais juazeirenses sejam mantidas vivas para as futuras gerações.

Somente com uma visão de futuro que respeite sua história e um compromisso verdadeiro com o bem-estar de seu povo, Juazeiro poderá superar os estigmas do “ Já teve” ou do “poderia ser” e se transformar na cidade próspera que sempre esteve destinada a ser.

O futuro de Juazeiro depende das ações que tomamos hoje. Aos 146 anos, é hora de transformar o sonho de “poderia ser” em uma realidade concreta.  Essa é a tarefa da nossa geração. Afinal, a história será implacável com aqueles que te maltratam. Feliz Aniversário Juazeiro!

Por Ramon Raniere Braz

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