A terra, a água e o homem, por Gilberto Santana

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Não é a terra que pertence ao homem, é o homem que pertence a terra. Essa máxima nos remete a uma reflexão acerca dos recursos naturais.

Não dar pra separar o “natural” de nós, somos todos natureza, somos parte desse todo que constitui a vida.

E a vida como bem maior! Direito primário de tudo que vive, reclama cuidado e proteção coletiva ao bem mais precioso, donde a vida se originou: a água.

A logica insana do mercado transforma tudo em mercadoria, inclusive nós. Quando a água é “tratada” como uma mercadoria, perde seu valor intrínseco à vida, se desvincula da finalidade divina de promover e garantir que tudo e todos tenham vida plenamente.

A sanha do capital associada ao “ogro- negocio” e sua cultura de mineração agrícola.

A técnica produtivista, de muito retirar sem nada retribuir, obtenção do lucro a qualquer custo e a inversão de submeter a natureza ao domínio Neo liberal do mercado, já têm produzido muitos desastres ambientais.

Do meu lugar de ser feliz aqui no Sitio do Vovô, em Juazeiro da Bahia, assisto à agonia de um povo com a mortandade de peixes no distrito de Itamotinga, cujas causa e autoria dizem ser desconhecida.

Por aqui ninguém assina desastre, aqui por enquanto, tudo é desconhecido… como uma “bala perdida” , essa mortal substancia que envenena a água, mata os peixes e deixa o povo sedento., também deveras ocorrer sem essa intenção.

Muito difícil explorar o desconhecido. Agora está lançado o desafio aos órgãos ambientais, fiscalizadores de apontarem causas, autoria, responsabilidade e compensação ambiental.
Entre o desconhecido que já lamentamos soma-se ao “conhecido” pseudo progresso, que desafia o natural buscando acúmulo material.

Se o velho Chico falasse, diria que do seu leito produzem um “açúcar amargo” que queima literalmente a ideia de desenvolvimento. Ampliando os bolsões de uma miséria dietética, suportada pelos governantes, chantageados na falácia da geração de empregos.

Que o doce da manga que vai para Amsterdã , carrega o suor de um povo cujo viver é azêdo. Que o vinho premiado e festejado, tem o fermento dos sonhos de quem raleia no pesadelo das grandes plantações.

Essas não são palavras de mágoa, são constatações de uma esperança militante em defesa da água.

Em defesa do ribeirinho.

Em defesa da vida, da vida que surgiu na água.

Por Gilberto Santana

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