Grupo denuncia supostos crimes de estelionato e exercício ilegal da profissão praticados por uma juazeirense em São Paulo; entenda o caso

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Um grupo formado por dezenas de pessoas que residem em São Paulo, capital, entrou em contato com o Portal Preto no Branco para denunciar a juazeirense Priscila Lima, por um suposto caso de estelionato e exercício ilegal da profissão. Ela já havia sido acusada de ter aplicado outros golpes em sua cidade natal, Juazeiro, Norte da Bahia.

De acordo com as vítimas, Priscila teria aplicado vários golpes em São Paulo, pegando documentos de pessoas com promessa de encaminha-las a postos de trabalho, o que não ocorreu, e cobrar valores para cursos preparatórios. Além disso, eles a acusam de se apresentar como advogada e receber valores em dinheiro para resolver ações na justiça, referentes a pensão, aposentadorias e pendências em imóveis, retendo documentação como contratos e escrituras, além de documentos pessoais. Eles contam que, após obter vantagem das supostas vítimas, Priscila desapareceu, causando danos morais, psicológicos e financeiros nos envolvidos.

“Eu e outras tantas pessoas fomos vítimas de um esquema fraudulento conduzido por uma suposta recrutadora que se passava por Coordenadora/Superintendente de uma empresa. Conhecemos a Priscila de Oliveira Lima em um terreiro da religião Umbanda no bairro do Guacuri /Zona Sul de São Paulo e por ela ter conhecimento que alguns dos participantes estavam desempregados, propôs que participássemos de uma entrevista. Ela recomendou que enviássemos nossos currículos. Em seguida, agendou a entrevista no dia 03/11/2023 às 20h dentro de uma associação, alegando que no momento ela estava sem um escritório próximo da Zona Sul, onde todos pudessem se encontrar para seleção. Então, Priscila reuniu em torno de 25 pessoas e se apresentou como sendo Coordenadora e Superintendente do Grupo Matarazzo. No momento de sua apresentação, entrevistou cada um dos participantes, pegou todos os currículos e falou sobre os benefícios. Fizemos algumas perguntas, uma delas foi o nome da empresa, onde Priscila respondeu que o nome fantasia seria “Ator” e o ramo de atividades do setor elétrico. No final da conversa, ela disse que contratou cerca de 18 pessoas e que passaria as instruções pelo grupo de WhatsApp que seria preparado na semana seguinte. Através destes grupos, enviamos os currículos e passamos a receber as instruções. Depois dessa data, 07/11, recebemos no grupo o e-mail de contato atorfabricaator@gmail.com e encaminhamos toda nossa documentação por e-mail. Isso ocorreu de forma individual. Algumas pessoas acharam estranho o e-mail não ter o domínio da empresa, mas não nos preocupamos até esse momento. A própria coordenadora que nos recrutou, comentou que existiam documentação faltando, e seguimos com o envio do que faltava. Depois desse envio, Priscila comentou que faltaria apenas o exame médico que seria marcado e perguntamos sobre o endereço e o CNPJ da empresa. Recebemos no grupo o endereço Avenida Senador Teotônio Vilela, 4187 Bairro Grajau São Paulo/SP. Neste endereço, pelas pesquisas no Google aparece o mercado Akki Atacadista que nos causou estranheza e um dos participantes foi até o local e constatou que realmente não havia nenhuma empresa do Grupo Matarazzo. Logo depois de recebermos o CNPJ, começamos a perguntar sobre a data de início para trabalharmos e assim, começaram as desculpas que a fábrica não havia sido montada, que o escritório do Grajaú (local de trabalho), não estava pronto. Foi quando nossas desconfianças começaram a surgir”, contaram.

O grupo contou ainda que ao entrar em contato com o sócio do Grupo Matarazzo, descobriu que a acusada não tinha nenhuma ligação com a empresa.

” Questionamos se a Priscila não fazia parte de uma outra empresa do grupo e identificamos que nenhuma das empresas ligadas tinha o ramo de atividade elétrica. Acreditamos que Priscila apresentou o CNPJ de uma empresa que não existia, mas o nome Grupo Matarazzo é verdadeiro, só que ela não tinha nenhuma ligação. Suponhamos que usava apenas para se vangloriar do porte da empresa. Em seguida, conseguimos o telefone da empresa que a Priscila usava camisas e se identificava com o logotipo da empresa do setor elétrico ,onde ela trabalhou por poucos meses e adicionalmente, descobrimos que a Priscila também havia realizado golpes similares, inclusive roubando uniformes e se passando como representante da companhia mesmo depois da demissão”, acrescentaram.

As vítimas dizem ainda que também descobriram outros supostos golpes que teriam sido aplicados por Priscila.

“Ao entrarmos em contato com uma coordenadora da empresa elétrica, ela informou que a Priscila trabalhou apenas 5 meses. Soubemos de alguns outros casos, de golpes dentro da empresa e em um deles, Priscila conheceu a esposa de um funcionário, que faleceu e durante o processo de baixa do funcionário, em 04/10/2023, a própria Priscila se ofereceu para fazer toda papelada de pensão pós morte e de posse dos documentos do falecido e da esposa, solicitou o pagamento de R$ 2.563,00 para dar entrada na documentação. Inclusive se identificou sendo advogada. Localizamos essa esposa do falecido e ela encaminhou o boletim de ocorrência que abriu contra a Priscila, pois ela sumiu e nunca deu satisfação sobre o processo. Além desse caso, tivemos o conhecimento que o Centro Educacional Evoluir Ltda, onde Priscila foi contratada como Professora de Libras e daria um curso presencial, se comprometendo em dar aulas sobre básico de Libras, recebeu o pagamento e nunca compareceu. Temos também informações de que a Priscila vendeu um curso de Administração e um de RH, cobrou por eles, e nunca deu satisfação sobre os cursos ou apostilas. Recebendo o pagamento, mas não comparecendo para fornecer o curso. Alega ser advogada e está com a agenda muita ocupada e por este motivo não deu as aulas. Sobre ela ser Advogada, entramos no site da OAB e pelo CPF de Priscila não exerce a função. Isso caracteriza crime de falsidade ideológica. Diante disso, os 18 selecionados para a Contratação de Priscila, fizemos nossos boletins de ocorrências. É importante ressaltar que a suspeita atuava na Bahia antes de chegar a São Paulo, principalmente na zona leste e zona sul de São Paulo, onde temos registros de suas atividades fraudulentas”, afirmaram os denunciantes.

Eles contaram ainda que contrataram um profissional em investigação para levantar as informações sobre a acusada e descobriram que Priscila Lima já havia sido denunciada em matérias publicadas no Portal Preto No Branco, por aplicar golpes semelhantes em Juazeiro da Bahia.

Os denunciantes enviaram ao PNB um dossiê com relatos e documentos sobre as acusações e os boletins de ocorrência prestados na Polícia Civil de São Paulo (todos estão documentados no nosso arquivo e optamos por não publicar ).

Os denunciantes concluíram afirmando que a acusada chegou a ameaçar algumas vítimas se dizendo “advogada do PCC”, como forma de causar terror e impedir que os supostos golpes fossem denunciados.

“Estes golpes precisam ser divulgados e investigados para que ela não faça mais vítimas, se utilizando da vulnerabilidade de pessoas desempregadas ou que tenham pendências judiciais para tirar vantagem própria. Ela causou muitos danos psicológicos, morais e financeiros por aqui. Acreditamos nela. Nós do centro em que ela se infiltrou, quando em uma das mensagens em que disse estar hospitalizada com estado grave de saúde, rezamos por ela, nos unimos por ela. Isso não pode ficar impune,” desabafou uma participante do centro religioso.

Nós conseguimos contato com Priscila Lima, que já está em Juazeiro. Ela nos enviou a seguinte manifestação:

“Eu trabalhei em São Paulo na coordenação de Recursos humanos e Departamento pessoal, realizando contratações, todo processo seletivo foi conduzido de maneira clara e profissional, os processos que foram iniciados por mim e não foram concluídos devido ao meu desligamento da mesma, assim não posso responder por algo cancelamento, ou qualquer tipo de situação. As informações acima são totalmente caluniosas e difamadoras, nunca exerci o papel como professora na cidade de São Paulo, inclusive a mesma cita uma escola que foi fechada há mais dois anos desde quando fui lesada pelo programa fraudulento da Prefeitura Municipal de Juazeiro, dando cancelamento sem nem mesmo me informar eu sendo a única pessoa lesada. Deixo registrado que nunca trabalhei na empresa Matarazzo. Eu trabalhei durante 5 meses na (XXXXXX) empresa de fios e cobre.”

Optamos por não divulgar o nome da empresa citada pela acusada, mas já pedimos uma nota aos responsáveis sobre a versão de Priscila Lima.

Denúncias em Juazeiro

Em janeiro de 2023, três jovens de Juazeiro entraram em contato com o Portal Preto No Branco para fazer uma denúncia contra Priscila Lima, acusada de um suposto caso de estelionato.

Uma das jovens contou que há 3 anos fez um curso de atendente de farmácia na escola de formação profissional Ampla Visão e não foi pegar o certificado. Pelo Instagram, a diretora fez contato com ela oferecendo um trabalho em uma farmácia que a mesma iria inaugurar em breve e perguntando se ela estava apta para o cargo, contou a denunciante.

“Ela falou comigo pelo Direct, e eu tenho os Prints da conversa, perguntando se eu estava devendo algo a escola. Eu disse que não e que só não tinha ido pegar meu certificado. Foi aí que ela me ofereceu um emprego na farmácia que disse que ia inaugurar logo, mas disse que eu teria que pagar 350 reais para atualizar o meu certificado que tinha perdido a validade, pois só assim a vaga seria minha. Como ela deu o emprego como certo, eu mandei o valor e fiquei aguardando o contato dela”, relatou a jovem.

Após alguns dias, segundo ela, Priscila Lima voltou a fazer contato, mas, desta vez, para pedir indicação de mais dois nomes para também trabalharem na referida farmácia.

“Ela me disse que estava precisando de mais pessoas e eu indiquei dois amigos que também estão sem emprego. Ela cobrou 360 de um e 500 do outro, dizendo que era para conceder a documentação necessária para eles ocuparem as vagas. Os dois também pagaram e ficaram no aguardo de serem chamados para trabalhar. Nesse meio tempo ela deu algumas desculpas, inventou algumas mentiras, quando a gente procurava ela. Chegou até a dar um endereço errado de onde a Ampla Visão estaria funcionando. Tudo golpe”, contou.

Diante do silêncio de Priscila Lima e passados vários dias, os três voltaram a fazer contato para saber do emprego e foi quando viram que ela tinha sumido e bloqueado contato com os jovens.

“Ela bloqueou a gente de tudo e não deu mais nenhuma satisfação. Descobrimos o endereço dela e fomos até a casa e foi quando o pai disse que ela tinha viajado e estava desempregada, ou seja, descobrimos que até a Ampla Visão já não existe mais. Ficamos no prejuízo e soubemos também que ela fez o mesmo com outras vítimas. Se aproveita de quem está desempregado para aplicar um golpe”, desabafou a jovem.

Na época os três jovens prestaram uma queixa na Delegacia de Polícia.

“Nós confiamos na polícia e na justiça, por isso fizemos a denúncia, pois ela, até o momento, tem agido impunemente e se aproveitando da boa fé das pessoas. Esperamos que a polícia apure e que se faça justiça. É um golpe muito baixo”, finalizou.

Em março de 2022, alguns profissionais de diversos segmentos que participariam, como facilitadores, do Projeto “Capacita Juazeiro”, anunciado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade (Sedes), procuraram o PNB também para relatar um possível golpe que teria sido cometido por Priscila Lima.

O projeto seria realizado pela Sedes, em parceria com a Ampla Visão, escola de capacitação profissional, e ofertaria cursos de capacitação profissional para moradores de territórios assistidos pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) nos CRAS- Centros de Referências da Assistência Social de Juazeiro, segundo informou a Sedes.

Os cursos foram cancelados no dia em que começariam A diretora da Ampla Visão, Priscila Lima, responsável pelo projeto sumiu, sem dar maiores justificativas. Ela excluiu os facilitadores do grupo de WhatsApp, criado para assuntos do projeto, e as vítimas relataram que sofreram vários prejuízos.

Confira matéria completa:

“Golpe em cima de golpe”: foi uma farsa o projeto “Capacita Juazeiro” anunciado pela prefeitura em parceria com a escola Ampla Visão, denunciam facilitadores; entenda o caso

Redação PNB

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