“Não há desproporção numérica entre eliminação de 6 milhões de judeus e matança de quase 30 mil civis palestinos”, por Aderbal Vargas

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O colunista da Uol, Josias de Souza, a quem tenho muito respeito, criticou a fala do presidente Lula e se utilizou de dados numéricos: “Lula contrapôs a eliminação de 6 milhões de judeus pela indústria de extermínio de Hitler à matança de quase 30 mil civis palestinos pela máquina de guerra de Netanyahu”… – Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2024/02/19/lula-soouofensivo-e-inutil-ao-jogar-holocausto-no-ventilador.htm?cmpid=copiaecola

Mas o jornalista está equivocado e não há desproporção numérica no que disse Lula, eis que o massacre de 6 milhões de judeus pela Alemanha hitlerista se deu num contexto da 2ª guerra mundial, com a ocupação nazista em vários países onde foram encontrados judeus que estavam espalhados pelo mundo, o que é proporcional ao genocídio ocorrido na faixa de gaza que possui apenas 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de apenas 365 km² (distância ente Juazeiro/BA a Juremal, um de seus distritos mais próximos).

A comparação é tanto mais correta quando se avalia que, antes da 2ª guerra mundial, o mundo moderno não tinha tanta consciência das práticas genocidas, tanto é verdade que a partir dessa tragédia humanitária contra o povo judeu, principal símbolo da barbárie da 2ª grande guerra, é que foi criada a ONU e elaborada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O objetivo foi exatamente incutir na cabeça das pessoas essa percepção mais aguçada e maior consciência crítica a respeito do tema, de maneira que não cabe a nenhum país
do mundo esquecer ou relativizar tais lições por mera questão numérica.

Assim, soa ingênuo ou perverso esperar que ocorra a mesma quantidade de mortes para que se possa fazer tal contextualização.

Portanto, o massacre de 30 mil civis incluindo mulheres e crianças, nos dias de hoje, num espaço confinado de 365 km², e o que é mais lamentável contra pessoas de uma mesma origem, deixa evidente, guardadas as devidas proporções, que a comparação feita pelo presidente tem muito fundamento.

Por fim, entendo que todo terrorismo deve ser combatido incessantemente, mas
não se utilizando dos mesmos métodos, senão quem combate acaba se igualando.

Logo, ainda que um terrorista use uma criança para atingir seus objetivos, quem se diz combatê-lo está impedido de fazer o mesmo.

Aderbal Viana Vargas/ Advogado e Jornalista

Foto: reprodução

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