Em meados de 2011 me encontrei pela primeira vez com o professor e filósofo Paulo José de Oliveira, a convite do também professor doutor Deranor Gomes, à época, Pró Reitor da Univasf. Jantamos no Alpendre, no píer da Lagoa de Calú. Entre taças de espumantes, emergiu o assunto da Ride Juazeiro-Petrolina, do anel viário, da duplicação da ponte e a construção de mais outras duas, uma acima e outra abaixo da setentona Presidente Dutra, tudo conforme consultoria contratada pela ONU.
Essas discussões ganharam foro qualificado com a mediação da Câmara de Dirigentes Lojistas, de representantes das Universidades instaladas na região e participação de representações de diversos segmentos da sociedade. O movimento chegou até a Casa Civil da Presidência da República, mas, infelizmente, as coisas não mais avançaram. Nesse momento, o Governo Federal executa a Travessia Urbana, importante obra que ameniza o estrangulamento urbano de Juazeiro e contempla parte daquela reivindicação anterior, no ponto da duplicação da ponte, somente agora do lado de Juazeiro.
Outro momento importante da minha convivência com o Professor Paulo foi em 2012 quando o acompanhei como vice numa chapa majoritária para prefeito, pelo PSOL.
Andávamos num Fiat Uno, nós mesmos escrevíamos os textos e reportagens diárias para a imprensa, tirávamos fotografias, escrevíamos os roteiros para o programa de televisão, dávamos o acompanhamento jurídico na Justiça Eleitoral e fazíamos todo o relacionamento com a imprensa. Fizemos visitas e reuniões com diversos setores da cidade, ouvindo e interagindo em torno do MUNICÍPIO PEDAGÓGICO, tema que o professor Paulo trouxe para discussão e era a cidade dos saberes, do diálogo entre os diversos conhecimentos, na inter e multi disciplinariedade, fazendo o contraponto com a cultura do improviso, bastante arraigada em nossa cidade.
Foram momentos tão intensos e gratificantes, em que muito trabalhei, me esforcei, dei o meu melhor. Professor Paulo tinha muito brilho intelectual e uma forte veia cômica, típica dos melhores professores para concursos e pré-vestibulares. Trabalhava muito bem com metáforas e trocadilhos Eu, às vezes, o chamava de ANJOBÓLICO, nunca tinha ouvido essa palavra, a pronunciei inspirado na generosidade e na inteligência do Prof. Paulo.
Nossos programas de TV foram gravados na cozinha de minha casa, que virou estúdio futurista e de última geração, por Ailton, Semário, Dito, Bira e a nata da TV São Francisco, ajudavam a gente à noite e entrando pela madrugada. Os candidatos ricos da cidade, que contrataram por milhões suas equipes de fora, depois vieram pedir socorro a esses profissionais, vendo a excelente qualidade de nossos programas.
Durante as gravações desligávamos a geladeira, para evitar os ruídos. Depois que tudo acabou, bateu aquele vazio, foi um desmame violento, a gente sente a mudança de ritmo, a falta daquelas tarefas que nos absorvia e gratificava tanto.
Professor Paulo, no legítimo exercício de sua liberdade de expressão, alegria, jocosidade e irmandade comigo, andou dizendo, por aí, que depois que terminou a campanha, toda vez que eu abria a geladeira, que a luz acendia, eu dizia BOA NOITE, como se ainda estivesse diante dos holofotes. Fizemos o melhor possível, transmitimos nossas mensagens, cumprimos com nossas obrigações perante a Justiça Eleitoral e aprendemos bastante.
Foi uma honra, Professor, conviver com o senhor e essa boa cachaça intelectual, além de sua verve encantadora. O Senhor dizia para seus alunos, nos quais me incluo, que a vaca não dá leite e era capaz de discorrer em conferência sobre o tema e provar por A mais B, que vaca não dá leite. Alimentar a vaca, cuidar da vaca, higienizar, cuidar da saúde da vaca, ordenhar a vaca, são apenas algumas das tarefas que poderão fazer com que a vaca venha a dar leite.
De certa forma, fazendo analogia com essa metáfora, bem como, parafraseando e adaptando as palavras de um Ex-Presidente norte americano, não pergunte a JUAZEIRO O QUE ELA PODERÁ FAZER POR VOCÊ, PERGUNTE A SI MESMO, O QUE PODERÁ FAZER POR JUAZEIRO.
Por Jaime Badeca, advogado juazeirense
Lendo essa matéria referente ao Prof..Paulo me bateu uma saudade muito grande desse Grande Amigo é vizinho saudade das vezes que saiamos para saborear umas geladas. E ao mesmo tempo relembrar as nossas infância o nosso time de futebol de salão do qual ele era o goleiro. Paulão meu amigo que saudade.