O primeiro ouro brasileiro nas olimpíadas em Paris 2024 foi conquistado por Beatriz Souza, uma mulher preta. Nesta sexta-feira (2), após vencer a Raz Hershko de Israel, a judoca brasileira subiu ao topo do pódio no judô e se emocionou ao trazer o primeiro ouro para o Brasil nesta edição de olimpíadas.
Nas olimpíadas do Rio 2016, o primeiro ouro brasileiro também foi conquistado por uma mulher negra: Rafaela Silva, judoca que garantiu o ouro na categoria de 57 kg. Oito anos depois a história se repete, uma mulher negra subindo ao mais alto lugar do pódio conquistando a medalha mais importante da competição.
Na primeira semana dos jogos olímpicos de Paris 2024 o Brasil já coleciona dez medalhas, uma ouro, quatro pratas e cinco bronzes e o protagonismo de atletas negras fizeram esses números acontecerem. Beatriz Souza, Rebeca Andrade, Rayssa Leal e Rafaela Silva são nomes de destaques do time Brasil nas olimpíadas.
Rayssa Leal, a primeira atleta negra brasileira a conquistar uma medalha nesta edição de olimpíadas subiu ao pódio no domingo (28/07). Com apenas 16 anos, se tornou a segunda atleta com menos de 24 anos a conquistar duas medalhas em olimpíadas, a primeira em Tóquio 2020, com a conquista da prata e agora em Paris 2024 com a medalha de bronze no skate street feminino.
Em entrevista ao Alma Preta após a conquista do bronze, Rayssa falou sobre ter se tornado uma inspiração para meninas e adolescentes negras do brasil.
“Só de ser inspiração para mim já é muito gratificante, sabe? Ainda mais sabendo que muitas mulheres negras, querendo ou não, passam por preconceito na infância e até já na vida adulta. Então eu me sinto muito honrada, porque a força que nós temos é diferente, né? Fico muito feliz mesmo de servir como inspiração, não só para as crianças, mas para todo mundo”, declarou a estrela olímpica após a conquista do bronze.
Rebeca Andrade, principal nome da ginástica artística brasileira, foi peça importante para a conquista da medalha de bronze por equipe na terça-feira (30/07). Pela primeira vez o Brasil ocupou espaço no pódio da ginástica artística por equipes. Na quinta-feira (1), Rebeca voltou ao ginásio para disputar o individual geral, conquistando a prata em uma disputa direta com a ginasta estadunidense Simone Billes, que ficou em primeiro lugar. Somando mais uma conquista histórica para o Brasil, Rebeca Andrade tornou-se a mulher brasileira com mais medalhas Olímpicas na história ao conquistar a prata no solo neste sábado (3).
O judô brasileiro também disputou neste sábado (3), categoria equipe mista reuniu os judocas brasileiros que estavam em Paris. Em uma disputa emocionante contra os italianos, em uma ascensão história de Rafaela Silva, que decidiu no golden score.
Rafaela é um símbolo da luta antirracista. Em 2012, nos jogos olímpicos de Londres, ela foi eliminada na fase prévia depois de aplicar um golpe irregular que resultou em uma enxurrada de insultos racistas que quase fez desistir do esporte. Foi chamada de “macaca” nas redes sociais.
Retornou as olimpíadas em 2016, no Rio de Janeiro e conquistou a medalha de ouro. Não esteve presente em Tóquio 2020, pois estava afastada por doping. Em 2024, na cidade Luz, em redenção, ela retorna aos tatames e conduz a equipe a primeira medalha do judô em equipes na história do judô brasileiro, garantindo mais uma medalha história para o país.
Na sexta-feira (2), a atleta Beatriz Souza conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nesta olimpíada. A judoca disputou na categoria +78 kg contra a segunda melhor judoca do mundo.
Após a cerimônia de medalha, a judoca manda importante recado para a comunidade negra.
“Mulherada… Pretos e pretas do mundo todo, é possível, acreditem!”
Rayza Rocha/Estudante de Jornalismo pela Universidade do Estado da Bahia- Estagiaria PNB