“Por que não fazem uma cesariana?” Gestantes questionam equipe do Hospital da Mulher de Juazeiro; PNB ouve diretora da instituição

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(foto arquivo)

As denúncias sobre negligência no Hospital Materno Infantil de Juazeiro, no Norte da Bahia, eram recorrentes nas gestões municipais anteriores.

Inclusive, em seu plano de governo, a atual Prefeita Suzana Ramos (PSDB) afirmou que urgentemente deveria ser realizada uma melhoria significativa nos serviços públicos de saúde que passariam obrigatoriamente pela humanização do atendimento e requalificação de toda estrutura. “Desde a recepção nas unidades de saúde até o atendimento médico, o serviço público será requalificado, devendo ser realizado com zelo e respeito ao cidadão juazeirense”, afirmou Suzana, quando candidata.

(Veja o plano completo)

Porém, somente entre a último sábado (30) e a segunda-feira (01), o PNB recebeu duas denúncias de gestantes que estavam há dias com dores e indícios de parto e, mesmo após avaliação na unidade, foram mandadas de volta para casa.

No sábado (30),  a gestante Joice Milene Rodrigues Santos, de 19 anos, também recebeu alta do hospital, após cinco dias internada sentindo dores, com sangramento, início da dilatação e perda do líquido amniótico. Com 9 meses de gestação, ela chegou a voltar para casa, retornando horas depois para a unidade, onde foi submetida a uma cesariana no domingo (31).

“Graças a Deus e ao PNB que nos ajudou divulgando o caso, enviaram (a Secretaria de Saúde) o SAMU e levaram ela novamente para o hospital. No dia seguinte, quando o médico fez a avaliação, disse que ela já tinha perdido todo o líquido e fizeram a cesariana. Mas, se eu não tivesse pedido ajuda, minha neta tinha morrido”, desabafou Lucilene do Nascimento Rodrigues, mãe da paciente.

Na segunda, a gestante Jaciene Santos Leite, de 19 anos, que estava com 40 semanas e 3 dias, vinha sentindo dores fortes há uma semana, mas a equipe do hospital se negava a fazer uma cesariana.

“Eu fui internada semana passada com muitas dores, mas uma médica me deu alta dizendo que eu ainda não estava em trabalho de parto. No domingo, sentindo muitas dores e já saindo secreção voltei ao hospital e fui internada novamente. Só que agora pela manhã, me deram alta novamente. O que me disseram foi que só fazem uma cesariana com 42 semanas. Estou com dores fortes e não posso voltar pra casa assim”, disse a gestante.

Diante dos novos casos, o PNB encaminhou alguns questionamentos para a Diretora Administrativa do HMI, Graça Carvalho, sobre os critérios adotados pela equipe médica do hospital, para realização de cesarianas.

Confira: 

PNB– Quais as indicações para a realização da cesariana?

G.C: A cesariana possui poucas indicações absolutas, em sua grande maioria são indicações relativas. Entretanto existe a cesárea à pedido, quando a paciente mesmo sem nenhuma contraindicação ao parto normal, prefere optar por uma cesariana, o que deve prontamente ser desaconselhado pela equipe obstétrica, pois a cesariana aumenta o risco de complicações maternas (maior risco de sangramento, infecções, além de ser um ato cirúrgico com formação de cicatrizes e possibilidade de acidentes intra-operatórios, tal como lesão de bexiga) e fetais (principalmente a taquipnéia transitória do recém-nascido). Além de tudo isso, o parto normal comprovadamente apresenta outros benefícios de longo prazo ao feto, já amplamente divulgados e cientificamente comprovados.

Como indicações de cesariana, podemos citar: posições fetais desfavoráveis (feto pélvico, transverso), fetos macrossômicos (paciente com barrigas habitualmente com mais de 38cm de medida e USG evidenciando peso fetal estimado acima de 4kg), sofrimento fetal em pacientes que não estão em fase final de trabalho de parto (bradicardia fetal – feto com batimentos inferiror a 120bpm, eliminação de mecônio em grande quantidade em fetos que ainda estão alto e longe do parto; desacelerações importantes dos batimentos fetais; alterações do ultrassom como diminuição significativa do líquido amniótico, sem que a mãe tenha tido história de bolsa rota, ou alteração da vascularização fetal visualizada pelo estudo Doppler; descolamento prematuro da placenta e prolapso de cordão).

PNB– Até quantas semanas de gestação pode-se aguardar pelo parto normal?

G.C: Em relação a quanto tempo esperar, primeiramente tem que se verificar se a datação da idade gestacional é confiável. A DUM (data da última menstruação) é um parâmetro a ser considerado, desde que a paciente tenha ciclos regulares e saiba, de certeza, o dia em que desceu a sua última menstruação. Quando isto não é possível, o ideal era ser realizado um USG ainda no primeiro trimestre (até 14 semanas de gravidez), para uma datação com menor probabilidade de erro. Infelizmente ainda temos muitas pacientes com Idade Gestacional mal estimadas, por não preencherem estes pré-requisitos: ou não sabem a DUM, ou a DUM não é confiável, e não realizaram USG no primeiro trimestre.

Mas com a idade gestacional bem estabelecida, uma gravidez a termo, ou seja, o 9º mês ocorre entre 37 semanas a 41 semanas e 6 dias. Com a data provável do parto, ou seja a data ideal para o nascimento, no dia em que se completa 40 semana de gravidez. Pode se esperar o desencadear natural do trabalho de parto até se completarem 41 semanas, logicamente em gestações de risco habitual, no qual a gestante fez um acompanhamento pré natal sem intercorrências importantes e não apresentou sinais ou exames alterados para classificá-la como gravidez de alto risco.

PNB: Quando a gestante está em sofrimento, qual a orientação?

G. C. Ao se completar 41 semanas, esta paciente deve ser internada e avaliada a melhor via de parto, o qual preferencialmente deve ser o parto vaginal. Caso a paciente não tenha cicatrizes uterinas prévias (cesárea anterior ou passado de retirada de miomas), ela é submetida a uma avaliação de ultrassonografia e caso não haja sinais desfavoráveis a indução do parto (como redução significativa do líquido amniótico, alteração da circulação fetal, por exemplo), sempre é oferecido a indução do parto normal às gestantes.

 

Da Redação Por Yonara Santos

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